segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Insuportável: mesmo que preciso e paradoxalmente insuficiente, o termo é bastante apropriado para descrever o nauseante cenário do evangelicalismo tupiniquim. Nauseante e confuso, realidade que também pode ser definida como babel, tamanha é a confusão e mistura da verdade com o erro no meio daquilo que se convencionou chamar de igreja evangélica.

Conceituar o que é ser evangélico tornou-se um desafio a tal ponto que se torna perigoso alguém apresentar-se como tal, já que grande é o risco de ser confundido com tudo aquilo que é tortuoso, de mau-caráter, salafrário, mercenário ou idiota, dependendo do contexto em que essa rotulação é apresentada. Já não há mais referências precisas. Se até meados do decênio de 1990, evangélico era alguém confiável, com retidão de caráter, desejável de muitas empresas, não apreciador das bebedeiras, noitadas ou baladas, freqüentador de igreja, adorador de Cristo, afeiçoado à oração, à leitura da Bíblia e a verdadeira espiritualidade, hoje evangélico é, aos olhos de boa parcela da sociedade, alguém indefinível, indecifrável, alienado, é tudo exceto alguém relacionado ao evangelho de Cristo.


O evangelho que conheci no fim dos anos 80 me impulsionava a fugir das paixões mundanas, de qualquer realidade que alimentava os desejos de minha natureza contrários a Deus. Contrariamente, hoje existe igreja pop, com público pop, para o qual há uma balada no templo aos sábados à noite, para dizer ao mundo que o jovem “crente” é alguém “normal”, como qualquer outro, autorizado a ousar em versões gospel do rebolation, do forró, funk... “O diabo não criou ritmo nenhum, todos os ritmos são de Deus”, justificam. Em templos nos quais o pecado não é confrontado para não desagradar a clientela, ops, as “ovelhas” (ou porque está fora de moda), é comum ver mulheres com roupas insinuantes, cujo sensualismo caracterizado por roupas cada vez mais colantes e decotes indiscretos, é potencial despertador das pulsões masculinas. O pretexto para tais permissividades que dão vazão às fantasias mais erotizantes é o de que Deus não olha para a aparência e sim para o coração. Sendo assim, não ficarei surpreso se algum dia souber de igrejas freqüentadas por garotas usando fio dental durante os cultos. Não sabem eles que a aparência exterioriza a santidade ou as podridões do ser interior. Não exagero! Nos EUA até já existem igrejas naturistas com pregadores e ovelhas nus. E aqui em minha querida São Luís do Maranhão visitei uma igreja semelhante ao cenário descrito acima. A respeito dela soube que algumas garotas saem do culto e vão fazer programa na avenida litorânea. São igrejas que em lugar de contagiarem o mundo com a palavra de Deus, convidam o mundo para contaminá-la com pecado.

Os escândalos financeiros são os que mais envergonham as igrejas evangélicas, já que todas são jogadas na vala comum. Esses escândalos se resumem a uma expressão: evangelho da prosperidade. Tal “evangelho” nasceu no movimento neopentecostal, apóstata e adoecido desde o princípio. Foi abraçado por segmentos pentecostais marcados por emocionalismos, muito poder e unção(???), ignorância e analfabetismo bíblico e também explorado por algumas igrejas históricas cujos líderes viram nesse filão uma oportunidade de lucros. O resultado é o saque, uma rapinagem de pobres e de endinheirados que têm em comum uma burrice incrível. O evangelho ou teologia da prosperidade funciona bem em países da África e da América Latina onde as promessas de paraíso na terra expostas por um evangelho de facilidades encontram na pobreza um terreno fértil para alimentar falsas esperanças. O fato é que tais promessas não funcionam, ou melhor, funcionam apenas para os profetas da prosperidade que recebem muito dinheiro e enriquecem. Apenas uma lei econômica natural: só prospera, enriquece quem recebe e recebe muito dinheiro. A massa empobrecida permanece como está: pobre. São milhões de pessoas que, quando não desiludidas ou destroçadas, estão mutiladas em suas consciências, culpabilizando-se por não terem conquistado as riquezas nesta terra por direito, conforme são ensinadas, pela falta de fé. Como um ou outro prospera, significa dizer que a lei da prosperidade funciona para quem contribui mais e tem fé.

Na Europa as igrejas da prosperidade não crescem porque como a população possui melhores condições de vida, o evangelho que elas apregoam não é um bom atrativo. Para tais igrejas restaria pregar o verdadeiro evangelho de Cristo, mas como não dá lucro, não interessa e de fato seus ministros, apóstolos e bispos, mesmo que desejassem, não teriam capacidade para pregar a palavra de Deus posto que nem sequer são convertidos.

No tocante à tudo o que foi exposto conclui-se que os evangélicos fazem parte da parcela da população mais alienada e imbecilizada (escrevo em amor). Tal burrice se agrava quando alguns tentam defender os falsos apóstolos com dizeres tais como “Não toquem nos ungidos do Senhor, ou “não julgue para não ser julgado”. É difícil ter paciência com tanta gente burra sem nenhum discernimento.

Tantos e freqüentes escândalos colocam em questionamento a própria validade do dízimo para os dias atuais. Sou favorável a prática do dízimo apenas em igrejas bíblicas. Conselho: Não contribua em igrejas da prosperidade. Elas têm que ser fechadas. Dar o dízimo para essas igrejas com a justificativa de que se o dinheiro for mal usado, o malfeitor prestará contas com Deus, é um raciocínio, quer dizer, raciocínio não, é um pensamento burro. Contribuir financeiramente com tais igrejas é financiar sinagogas de Satanás. Você também vai prestar contas com Deus pelo pecado da má contribuição em igrejas que levam pessoas para o inferno com o evangelho da ganância de mamom.

O apóstolo Pedro já em seu tempo alertava que falsos profetas e falsos mestres introduziriam na igreja heresias destruidoras, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. Alertou que o caminho da verdade seria difamado por causa dos caminhos vergonhosos desses homens e que eles fariam comércio de muitos com palavras fingidas, com estórias inventadas explorariam muitos, mas que a destruição os aguardava (1 Pe 2.1-3). Como o cenário só piorou de lá para cá, o alerta continua atualíssimo.

Quero finalizar chamando a atenção para o fato de que o Pr. (?) Silas Malafaia trouxe mais um ladrão de púlpito para roubar dinheiro dos ingênuos e emburrecidos. No ano passado trouxe o ladrão Morris Cerullo que pediu R$ 900,00 dizendo que os doadores receberiam unção financeira. Disse que 900 tinha relação com 2009. Se fosse em 2008, o pedido seria de R$ 800,00, etc: um palco macabro de misticismo, macumba e perdição. Há poucos dias Silas levou o discípulo de Cerullo, Mike Murdock desta vez para pedir R$ 1000,00 afirmando que em retorno Deus iria efetuar 3 milagres na vida de cada doador e que em 90 dias iria multiplicar a riqueza do doador 7 vezes mais. São ladrões sínicos.

Eu não sei como definir Silas Malafaia: apóstata, não convertido, falso pastor, alguém que só acredita naquilo que é conveniente para lucrar? Não sei. Só sei que uns 10 anos atrás Silas pregava o evangelho, antes do seu programa se tornar um balcão de negócios. Hoje ele “parece” pregar o evangelho, só que um “evangelho” freqüentemente estranho, antropocêntrico, mistificado, psicologizado, contraditório e adornado por heresias aqui e ali. A propósito o nome do programa dele traduz bem o “evangelho” que mais se expande no Brasil: “Vitória em Cristo” em lugar de “Salvação em Cristo”. Em Silas Malafaia, o evangelho da salvação foi pro brejo. Ele é uma vergonha para a Assembléia de Deus e sua respeitável história.

Mais um conselho: fuja dos telepregadores, dos ungidões e “homens de Deus”. Costumeiramente são ladrões disfarçado de profetas com novas revelações, sanguessugas, versões gospel dos mensaleiros, vampiros do bolso e das almas, lobos disfarçados de cordeiros. Fuja dos tais.

Voltando a questão inicial deste artigo, como posso identificar-me como evangélico se Silas Malafaia, Edir Macedo, o casal Hernandes, Renê Terra Nova, Jorge Linhares e alguns outros também são identificados como evangélicos. Prefiro apenas dizer que sou um discípulo de Jesus, um cristão.

Não era prioridade minha escrever sobre tais assuntos, mas a situação ficou insuportável.

Em Cristo que em sua palavra nos convoca para termos a nobreza dos bereanos e ensinarmos a sã doutrina.

Por Sandro Moraes

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