domingo, 31 de maio de 2009


O DIA EM QUE JESUS CHEGOU ATRASADO NO CÍRCULO DE ORAÇÃO
Era dia de círculo de oração, a casa estava cheia e o trabalho “animado”. Por volta das três horas da tarde, certo irmão que estava com a palavra, para a surpresa de todos, anunciou o seguinte:- O que tenho “pra dizê” é só “pra quem “crê”!O auditório ficou na expectativa e o irmão continuou:- Estou recebendo uma revelação, e quero vos dizer, que Jesus está do lado de fora do templo querendo entrar com uma legião de anjos!Aquela declaração mexeu com a emoção de muita gente. Logo uma grande “euforia” se apoderou do povo. O pregador não parou:- Eu quero saber quem tem coragem e fé, para ir até a porta da frente da congregação e sob o meu sinal, abri-la para que o Senhor entre com os seus anjos!Um jovem logo se dispôs e disse:- Eu vou!Ele foi e ficou aguardando as ordens do pregador.- "Abra a porta e saia da frente loooooooogo! ". Ordenou desta forma o pregador para jovem de "fé".O jovem abriu e a porta e saiu nas “carreiras” da frente (para não ser atropelado)! A euforia do povo aumentava a cada momento! De repente, o pregador olhou firmemente para a porta, e bradou:- Entra Jesus, entra legião de anjos!Foi um alarido só na igreja! Só quem ficou chateado foi o diácono (atualmente Evangelista) que me narrou o episódio, e um grupo de irmãos que não aceitaram o que ouviram e presenciaram.Disseram-me o seguinte:- Pastor, não se pode admitir uma coisa dessas! Como é que a gente chega na igreja cedo para orar, e Jesus só vem aparecer juntamente com os anjos lá pelas três da tarde?Querido leitor, tais fatos só acontecem quando o descontrole emocional entorpece a razão, repudia a sã doutrina (que por sinal era ensinada na igreja) e ridiculariza a fé.Apesar destes exageros (que são possíveis de serem corrigidos), vale a pena ser pentecostal!

sábado, 30 de maio de 2009



Vivendo sem Deus

Rotherham, 06 de Julho de 1760.

"Que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo". (Efésios 2:12)

1. Talvez essas palavras possam ser mais propriamente traduzidas, ateístas no mundo. Isso parece ser uma expressão um pouco mais forte do que "sem Deus no mundo", o qual soa quase negativo, e, não necessariamente, implica alguma coisa mais, do que tendo nenhuma amizade ou comunicação com Deus. Ao contrário, a palavra ateísta é, comumente, entendida como significando alguma coisa positiva, -- ela não apenas contradiz qualquer comunicação com Ele, mas nega sua verdadeira existência.
2. O caso desses homens infelizes pode ser muito bem ilustrado por um incidente recente; a verdade a qual não se pode, razoavelmente, duvidar, havendo tão grande número de testemunhas: Dentro do coração de um velho carvalho, que fora cortado e dividido ao meio, saiu um sapo enorme que se arrastou, com toda a velocidade que pode, e foi embora. Agora, quanto tempo, nós podemos, provavelmente, imaginar, que essa criatura tinha estado lá? Não é inverossímil que ele pudesse ter permanecido em seu ninho por mais de cem anos. Não é improvável que foi, aproximadamente, se não, completamente, contemporâneo do carvalho; de um modo ou de outro, tendo sido enclausurado nele, no momento em que ele foi plantado. Não é, entretanto, irracional supor que ele viveu essa estranha forma de vida, pelo menos, um século. Nós dizemos, ele viveu; mas que modo de vida! Quão apetecível! Quão cobiçável! Como Cowley diz:
Ó, vida, mais preciosa e mais querida!
Ó, vida que Epicuro gostaria de compartilhar!
Vamos gastar alguns poucos pensamentos sobre esse caso tão incomum, e fazer algumas melhorias dele.
3. Esse pobre animal tinha órgãos de sentido; ainda assim, ele não tinha qualquer sensação. Ele tinha olhos, ainda assim, ele não tinha raio de luz que, alguma vez, entrasse em sua morada escura. Do mesmo primeiro instante de sua existência lá, ele foi encarcerado em sua impenetrável escuridão. Ele foi encarcerado do sol, lua, e estrelas, e da beleza da face da natureza; de fato, de todo o mundo visível, assim como se ele não tivesse existido.
4. Como o ar não poderia penetrar no esconderijo de sua pele, conseqüentemente, não seria possível a ele ouvir. Quaisquer que fossem seus órgãos, ele não poderia fazer uso deles; vendo que nenhuma ondulação de ar poderia encontrar um caminho, através das paredes que o cercavam. E não havia razão para acreditar que ele tinha algum senso análogo de cheiro ou gosto. Numa criatura que não precisou de comida alguma, esses não teriam algum uso possível. Nem havia lá algum meio, pelo qual, os objetos de cheiro e gosto pudessem se aproximar dele. Deveria ser muito pouco, se possível, afinal, que ele pudesse estar familiarizado, até mesmo, com o sentido geral, -- aquele do sentir: Como ele sempre continuou, em uma postura invariável, em meio às partes que o rodeavam, todos esses, sendo, imovelmente, fixados, poderiam trazer nenhuma nova impressão até ele. De modo que, ele tinha apenas um sentimento de hora em hora, e dia a dia, durante toda sua duração.
5. E como esse pobre animal estava destituído de sensação, ele deveria ter sido, igualmente, destituído de reflexão. Sua cabeça (de que espécie fosse), tendo nenhum material de trabalho nela, nenhuma idéia de sensação de alguma forma, não poderia produzir níveis de reflexão. Ele, escassamente, entretanto, poderia ter alguma memória, ou alguma imaginação. Nem poderia ter algum poder locativo, enquanto ele estivesse tão extremamente limitado por todos os lados. Mesmo que ele tivesse, em si mesmo, algumas fontes de movimento, ainda assim, seria impossível que aquele poder pudesse ser manifestado, porque a estreiteza de sua caverna não iria permitir alguma mudança de lugar.
6. Quão exato paralelo pode ser esboçado, entre essa criatura (dificilmente, pode ser chamada de animal), e o homem que está "sem Deus no mundo!". Tal como está a vasta maioria, mesmo daqueles que são chamados cristãos! Eu não quero dizer que eles são ateístas, no senso comum da palavra. Eu não acredito que esses são tão numerosos como muitos têm imaginado. Fazendo toda a inquisição e observação, nesses mais de cinqüenta anos, eu pude encontrar, a não ser, vinte que, seriamente, descriam da existência de Deus; além disso, eu encontrei apenas dois desses (para o melhor do meu julgamento), nas ilhas britânicas: ambos vivendo em Londres, e que tinham tido essa convicção muitos anos. Mas diversos aos depois, eles foram chamados para aparecer diante de Deus; tanto John S – e John B -- estavam completamente convencidos que havia um Deus; e o que é mais notável, eles foram, primeiro, convencidos de que Ele era um Deus poderoso e misericordioso. Eu menciono esses dois relatos, para mostrar, não apenas que existem os ateístas literais reais, no mundo; mas que, também, mesmo então, se eles forem condescendentes para perguntar, eles podem encontrar "graça para socorrê-los, em tempos de necessidade".
7. Mas eu não quero dizer, tal como esses, quando eu falo daqueles que são ateístas ou "sem Deus no mundo"; mas dos tais que são ateístas práticos; dos que não têm Deus em todos os seus pensamentos; dos tais que não têm familiaridade alguma com ele, nem têm qualquer companheirismo com ele; dos que não têm mais comunicação com Deus, ou com o mundo invisível, do que esse animal tinha com o mundo visível. Eu irei me esforçar para esboçar um paralelo, entre esses. E possa Deus aplicar isso no coração deles!
8. Cada um desses é, nessa exata situação, com respeito ao mundo invisível, como o sapo estava, com respeito ao mundo visível. Aquela criatura tinha, indubitavelmente, uma espécie de vida, tal como ele era. Certamente, tinha todas as partes internas e externas, que são essenciais para a vida animal; e, sem dúvida, ele tinha humores orgânicos, com os quais mantinha uma forma de circulação. Essa era uma vida, de fato! E, exatamente, tal como é a vida daquele que é ateísta, do homem "sem Deus no mundo". Que véu grosso há, entre ele e o mundo invisível, que, com respeito a ele, é como se não existisse! Ele não tem a menor percepção dele; nem a mais remota idéia. Ele não tem o menor sinal de Deus, do Sol intelectual; nem a menor atração em direção a ele, ou desejo de ter algum conhecimento de seus caminhos. Embora Sua luz seja dada a todas as terras, e Seu som em todas as extremidades do mundo, ainda assim ele não ouve mais do que uma música fictícia das esferas. Ele prova nada da santidade de Deus ou dos poderes do mundo a vir. Ele não sente (como nossa igreja explica) o trabalho do Espírito Santo em seu coração. Em uma palavra, ele não tem mais comunicação com o do mundo espiritual, do que essa pobre criatura tinha do mundo natural, enquanto fechada em sua clausura escura.
9. Mas, no momento em que o Espírito do Todo Poderoso tocou o coração dele que ainda estava sem Deus no mundo, isso quebrou a dureza de seu coração, e fez todas as coisas novas. O Sol da retidão surgiu, e brilhou sobre sua alma, mostrando a ele a luz da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Ele está em um mundo novo. Todas as coisas, ao seu redor, tornaram-se novas, como se nunca antes tivessem entrado em seu coração para serem concebidas. Ele vê, tão longe quanto seus olhos recentemente abertos podem suportar, a luz, os céus abertos, ao redor dele, brilhando, com suportes de bem-aventurança. Ele vê que ele tem "um advogado com o Pai, Jesus Cristo, o justo"; e que ele tem "a redenção no sangue Dele; a remissão de seus pecados". Ele vê "um caminho novo, que está aberto na santidade, pelo sangue de Jesus"; e sua "luz brilha mais e mais, para um dia perfeito".
10. Através do mesmo toque gracioso, ele, que antes tinha orelhas, mas não ouvia, agora é capaz de ouvir. Ele ouve a voz que se ergue dos mortos – a voz Dele que é a "ressurreição e a vida". Ele não é mais surdo para seus convites e comandos; para suas promessas ou ameaças; mas, agradecidamente, ouve cada palavra que procede de sua boca, e governa, dessa forma, os seus pensamentos, palavras e ações.
11. Ao mesmo tempo, ele recebe outro sentido espiritual, a capacidade de discernir o bem e o mal. Ele é capaz de provar, tanto quanto de ver, quão gracioso é o Senhor. Ele entra na santidade, através do sangue de Jesus, e prova os poderes do mundo a vir. Ele encontra o amor de Jesus, muito melhor do que o vinho; sim, mais doce do que o mel, ou que o favo de mel. Ele sabe o que aquilo significa: "toda tua vestimenta cheira mirra, aloés, e canela". Ele sente o amor de Deus espalhado ao redor de seu coração pelo Espírito Santo que é dado a ele; ou, como nossa igreja expressa, "sente o trabalho do Espírito de Deus em seu coração". Nesse meio tempo, pode ser, facilmente, observado que a substância de todas essas expressões figurativas está encerrada, nessa única palavra, fé; tomada em seu mais terrível sentido; sendo desfrutada, mais ou menos, por todo aquele que acredita no nome do Filho de Deus. Essa mudança, da morte espiritual para a vida espiritual, é, propriamente, um novo nascimento; todas as partículas, que são, admiravelmente, bem expressadas pelo Dr. Watts, em um verso:
Renove meus olhos, abra meus ouvidos,
E forme minha alma, mais uma vez;
Dê-me novas paixões, alegrias, e medos;
E transforme a pedra em carne!
12. Mas, antes dessa mudança universal, pode haver mudanças parciais no homem natural, que é, freqüentemente, enganado, por isso; não obstante, muitos digam: "Paz, paz!", para suas almas, onde não há paz. Pode haver não apenas uma mudança considerável na vida, de modo a deter o pecado aberto; sim, o pecado, facilmente, constante; mas também uma mudança considerável de temperamentos, convicção do pecado, desejos fortes, e resoluções boas. E aqui, nós não temos necessidade de tomar grandes cuidados; não, por um lado, menosprezar o dia das pequenas coisas; não, por outro, confundir quaisquer dessas mudanças parciais, com aquela mudança inteira e geral, o novo nascimento; aquela mudança completa da imagem do Adão terrestre, na imagem divina; da mente terrestre, sensual, diabólica, para a mente que estava em Cristo.
13. Fixem, entretanto em seus corações, que vocês podem ser mudados, em muitos outros aspectos, contudo, em Jesus Cristo; ou seja, de acordo com a instituição cristã, nada terá proveito, sem a mente total que estava em Cristo, capacitando vocês a caminharem como Cristo caminhou. Nada é mais certo do que isso: "Se algum homem está em Cristo", um verdadeiro crente nele, "ele será uma nova criatura": as coisas velhas, "nele", passaram; "todas as coisas se tornaram novas!".
14. Daí, nós podemos, claramente, perceber a diferença ampla que há entre o Cristianismo e a moralidade. De fato, nada pode ser mais certo do que aquele verdadeiro Cristianismo não poder existir, sem a experiência interior e a prática da justiça, misericórdia e verdade; e isso apenas é dado, na moralidade. Mas é igualmente certo que toda moralidade, toda justiça, misericórdia e verdade, que podem, possivelmente, existir, sem o Cristianismo, não traz proveito algum, afinal; não têm valor algum aos olhos de Deus, para aqueles que estão sob a dispensação cristã. Observe que eu, propositadamente, acrescentei "para aqueles que estão sob a dispensação cristã", já que eu não tenho autoridade, na Palavra de Deus, "para julgar aqueles que estão sem". Nem eu concebo que algum homem vivente tem o direito de sentenciar todo o mundo pagão e maometano, à condenação. É muito melhor deixá-los para ele que os fez, que é o "Pai de todos os espíritos de toda a carne"; que é o Deus dos pagãos, tanto quanto dos cristãos, e que tem nada do que ele tem feito. Mas, entretanto, isso é nada para aqueles que nomeiam o nome de Cristo: -- todos esses, estando sob a lei, a lei cristã, serão julgados, indubitavelmente, assim, e, por conseqüência, a menos que estejam mudados, como estava o animal acima mencionado; a menos que tenham sentidos, idéias, paixões, e temperamentos novos, eles não poderão ser considerados cristãos. Assim sendo, por mais justos, verdadeiros ou misericordiosos que eles possam ser, eles ainda serão ateístas!
15. Talvez, deva haver algumas pessoas bem intencionadas, que levam isso ainda mais longe; que afirmem que qualquer que seja a mudança forjada nos homens, se em seus corações ou vidas, ainda assim, se eles não têm a visão clara dessas doutrinas principais, a queda do homem, justificação pela fé, e da reparação feita, através da morte de Cristo, e de sua retidão transferida para eles, eles não podem ter benefício algum pela morte Dele. Eu não ouso, de modo algum, afirmar isso. Eu realmente não acredito nisso. Eu acredito na misericórdia de Deus com respeito às vidas e temperamentos dos homens, mais do que por suas idéias. Eu acredito que ele respeite a santidade do coração, mais do que a clareza da mente; e, que, se o coração do homem está repleto (pela graça de Deus, e o poder de Seu Espírito), com o amor humilde, gentil e paciente de Deus e homem, Deus não irá atirá-lo ao fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos, porque suas idéias não são claras, ou porque sua concepção está confusa. Sem santidade, eu reconheço, "nenhum homem verá ao Senhor"; mas eu não ousaria acrescentar, "ou, sem idéias claras".
16. Mas, retornando ao texto. Deixe-me implorar a todos vocês que ainda estão "sem Deus no mundo", para considerarem, com toda sua humanidade, benevolência e virtude, que vocês ainda estão enclausurados, nas sombras escuras e infernais. Meus queridos amigos! Vocês não vêem a Deus. Vocês não vêem o Sol da retidão. Vocês não têm camaradagem com o Pai, ou com seu Filho, Jesus Cristo. Vocês nunca ouviram a voz que ergue os mortos. Vocês não conhecem a voz de seu Pastor. Vocês não receberam o Espírito Santo. Vocês não têm os sentidos espirituais. Vocês têm apenas as suas antigas idéias, paixões, alegrias e medos; vocês não são novas criaturas. Ó clamem a Deus, que ele possa despedaçar o véu que ainda está sobre seus corações; e que não lhes dá a oportunidade de lamentar: "Ó, escuridão, escuridão, escuridão, eu ainda devo dizer, em meio à chama do Evangelho diário! Ó, que tu possas, nesse dia, ouvir minha voz, que fala, como nunca antes um homem falou, dizendo: 'Levanta, brilha, porque a tua luz é chegada, e a glória do Senhor se ergue sobre ti!'. Não é a voz dele que clama alto: 'Olha, para mim, e tu serás salvo?'. Ele diz: 'Olha! Eu vim!'. Assim também, Senhor Jesus! Venha depressa!".
*
Editado por Jennifer Luhn, com correções por Ryan Danker e George Lyons, para o Wesley Center for Applied Theology at Northwest Nazarene University.
© Copyright 1999 by the Wesley Center for Applied Theology.
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domingo, 24 de maio de 2009





Se Os Teus Olhos Forem Bons


John Wesley

"A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!".
(Mateus 6:22-23)



1. 'Simplicidade e pureza', diz um homem devoto, 'são as duas asas que erguem a alma aos céus: Simplicidade, que está na intenção; e pureza, que está na afeição'. O primeiro deste, um grande e bom homem, bispo Taylor, recomenda com muita sinceridade, no começo de seu excelente livro, 'As Regras da Vida e Morte em Santidade'. Ele insiste nisto, e estabelece que este é o primeiro ponto da religião verdadeira, nos alertando que, sem isto, todos os nossos esforços serão em vão e ineficazes. A mesma verdade que o forte e elegante escritor, Sr. Law, sinceramente defendeu em seu 'Um Sério Chamado para uma Vida Devota; – um tratado que dificilmente será sobrepujado, se, alguma vez, for igualado, na Língua Inglesa, tanto pela beleza da expressão, quanto pela justeza e profundidade de pensamento. E quem pode censurar alguns dos seguidores de Cristo, por colocarem tão grande ênfase neste ponto, que considera a maneira em que nosso Mestre o recomenda, nas palavras acima citadas?

2. Vamos considerar atenciosamente toda esta passagem, como ela foi literalmente traduzida. 'Os olhos são a candeia do corpo': O que o olho é para o corpo, a intenção é para a alma. Nós podemos observar com que exata propriedade nosso Senhor coloca a simplicidade de intenção, entre os desejos e preocupações mundanas; qualquer uma delas tendem diretamente a destruí-la. 'Se teus olhos forem bons', simplesmente fixados em Deus, 'todo teu corpo', ou seja, toda tua alma, 'será cheia de luz', -- será preenchida com santidade e felicidade. 'Mas, se teu olho for mau', não puro, almejando algum outro objeto; buscando alguma coisa debaixo do sol, -- 'todo seu corpo deverá ser cheio de trevas. E se a luz que está em ti, for trevas, quão grande serão tais trevas!'. Quão remoto, não apenas de todo conhecimento real, mas de toda santidade e felicidade verdadeiras!

3. Considerando tudo isto, nós podemos bem clamar: 'Quão grande coisa é ser um cristão; ser um cristão verdadeiro, interior, bíblico, obediente no coração e na vida à vontade de Deus! Mas quem é suficiente para essas coisas?'. Ninguém, a menos que ele seja nascido de Deus! Eu não me admiro que algum dos mais sensíveis Deístas [os que crêem em Deus, mas rejeitam a Revelação] possa dizer: 'Eu penso que a Bíblia é o livro mais primoroso que eu, alguma vez, li, em minha vida; ainda assim, eu faço uma objeção insuperável a ela: Ela é muito boa. Ela estabelece tal plano de vida, tal propósito de doutrina e prática, que está muito além dos homens fracos e tolos almejarem, tanto quanto tentarem tomar como modelo'.

Tudo isto é a mais pura verdade, acima de qualquer outra que não seja as hipóteses bíblicas. Mas admitindo-se isto: que todas as dificuldades desaparecem no ar. Porque se 'todas as coisas são possíveis com Deus, então, todas as coisas são possíveis àquele que crê'.

4. Mas vamos considerar:

I. Em Primeiro Lugar, a primeira parte da declaração de nosso Senhor: -- 'Se teu olho for bom, todo seu corpo será cheio de luz'.

II. Em Segundo Lugar, a última parte: -- 'Se teu olho for mau, todo teu corpo será cheio de trevas'.

III. Em Terceiro Lugar, a terrível condição daqueles cujos olhos não são bons: -- 'Se a luz que há em ti for trevas, quão grande serão tais trevas!'.

I

1. Em Primeiro Lugar, 'se teu olho for bom, todo teu corpo será cheio de luz'. Se teu olho for bom; se Deus está em todos os teus pensamentos; se tu estás constantemente almejando a Ele que é invisível; se for tua intenção, em todas as coisas, pequenas e grandes, em toda a tua conversa, agradar a Deus, fazer, não apenas a tua vontade, mas a vontade Dele que enviou a ti para o mundo; se tu podes dizer, não para alguma criatura, mas a Ele que fez a ti para Si mesmo, 'eu vejo a ti, Senhor e finalidade de todos os meus desejos'; - - então, a promessa certamente tomará lugar: 'Todo teu corpo deverá ser cheio de luz'; toda tua alma deverá estar preenchida com a luz dos céus, -- com a glória do Senhor descansando sobre ti. Em todas as tuas ações e conversas, tu terás não apenas o testemunho de uma boa consciência em direção a Deus, mas igualmente de seu Espírito, testemunhando com teu espírito que todos os teus caminhos são aceitáveis para ele.

2. Quando toda tua alma estiver cheia desta luz, tu serás capaz (de acordo com a direção de Paulo aos Tessalonicenses) de 'regozijar-se sempre mais; orar sem cessar, e em todas as coisas dar graças' [I Tessalonicense 5:16-18]. Porque quem poderá estar constantemente consciente da presença amorosa de Deus, sem 'regozijar-se cada vez mais?'. Quem poderá ter o olho amoroso de sua alma, perpetuamente fixado em Deus, a não ser 'orando sem cessar?'. Porque 'seu coração está com Deus, sem uma voz, e seu silencia fala a Ele'. Quem poderá estar consciente de que esse Pai amoroso está agradado com tudo que ele faz e sofre, a não ser aquele que estiver constrangido a 'em todas as coisas dar graças', sabendo que todas as coisas 'cooperam juntas para o bem?'.

3. Assim, 'todo seu corpo será cheio de luz'. A luz do conhecimento é, sem dúvida, uma coisa aqui pretendida; erguendo-se 'da unção do Espírito Santo que habita nele, e o ensina todas as coisas', -- todas as coisas que agora são necessárias para ele conhecer, com o objetivo de agradar a Deus. Por meio disto, ele terá um conhecimento claro da vontade divina em todas as circunstâncias da vida. Não sem os meios, mas no uso de todos esses meios que Deus o tem provido. E, caminhando nesta luz, ele não poderá deixar de 'crescer na graça, e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo'. Ele continuamente irá prosseguir em toda santidade, e em toda imagem de Deus.

II

1. Em Segundo Lugar, nosso Senhor observa que, 'se teu olho for mau, todo seu corpo deverá estar cheio de trevas'. Se ele for mau, ou seja, não puro (porque o olho que não é puro é mau), 'todo o teu corpo deverá estar cheio de trevas'. É certo que não existe meio termo, entre o olho mau e o olho bom; porque, quando quer que não almejemos a Deus, estaremos procurando felicidade em algumas criaturas: e isto, qualquer que seja aquela criatura, é não menos do que idolatria. É tudo uma coisa só, quer almejemos os prazeres dos sentidos; os prazeres da imaginação; o louvor de homens, ou riquezas; tudo que João resume sob aquela expressão geral: 'o amor do mundo'. O olho é mau, se nós almejamos qualquer um desses, ou, na verdade, alguma coisa debaixo do sol. Assim sendo, quando você busca a algum desses, de fato; a alguma coisa abaixo de Deus, toda sua alma, e todo o curso de sua vida estarão em completa escuridão. Ignorância de si mesmos; a ignorância de seu interesse real, e a ignorância de sua relação com Deus irão cercar você com nuvens impenetráveis; com escuridão que pode ser sentida. E, por quanto tempo o olho de sua alma descansa sobre todos ou alguns desses, esses irão continuar a cercar sua alma, e a cobri-la com trevas.

2. Com quantos muitos exemplos desta verdade melancólica, -- de que aqueles cujos olhos não são bons são totalmente ignorantes da natureza da religião verdadeira, -- nós estamos cercados! Quantas, até mesmo, da boa espécie de pessoas, daquelas cujas vidas são inocentes, são tão ignorantes de si mesmas, de Deus, e da adoração Dele, em espírito e verdade, quanto os Maometanos ou ateus! E, ainda assim, elas não são, de maneira alguma, imperfeitas no entendimento natural. E alguns delas têm melhorado suas habilidades naturais, através de uma educação liberal, por meio da qual elas armazenaram um estoque considerável de aprendizado profundo e diversificado. Contudo, quão totalmente ignorantes elas são de Deus e das coisas de Deus! Quão estranhas, quanto ao mundo invisível e o eterno! Oh! Por que elas continuam nesta ignorância deplorável? Simplesmente por causa disto: -- seus olhos não são bons. Elas não almejam a Deus; Ele não está em todos os seus pensamentos. Elas não desejam ou pensam a respeito dos céus; portanto, elas mergulham profundo, como no inferno.

3. Por esta razão, elas estão tão longe da santidade verdadeira, quanto elas estão do conhecimento precioso. E, porque seus olhos não são bons, eles são tão estranhos à religião vital. Mesmo que elas sejam aperfeiçoadas em outros aspectos; que elas sejam sempre tão cultas; sempre tão bem versadas em todo ramo da literatura refinada; sim, sempre tão cortês; tão humana; ainda assim, se seus olhos não estiverem simplesmente fixados em Deus, eles não podem saber coisa alguma da religião bíblica. Elas nunca souberam o que a santidade cristã significa; qual é a entrada para ela, o novo nascimento, com todas as circunstâncias que o atendem: Elas não conhecem coisa alguma mais do que as bestas dos campos conhecem. Elas se arrependeram e creram no Evangelho? Quanto menos elas estão 'renovadas no espírito de suas mentes', na imagem daquele que as criou. Como elas não têm a menor experiência disto, então, elas não têm a menor concepção disto. Fosse você mencionar tal coisa, você poderia esperar ouvir, que 'excesso de religião o tem deixado louco'. Tão destituídas elas estão, quaisquer que sejam as realizações perfeitas que elas tenham além, da única religião que tem proveito com Deus.

4. E até que seus olhos sejam bons, eles estarão muito aquém da felicidade, assim como da santidade. Eles podem, de agora em diante ter sonhos agradáveis sobre a riqueza, honra, prazeres, ou o que for. Esta coisa de curta duração que o mundo pode dar; no entanto, nenhuma delas poderá satisfazer o apetite de uma alma imortal. Mais ainda, todos elas juntas não podem dar descanso, que é o menor ingrediente da felicidade, para um espírito eterno, o qual Deus criou para o seu próprio desfrute. A alma faminta, assim como a abelha ocupada, vagueia de flor em flor, mas sai dela, com uma esperança perdida, e uma expectativa ilusória. Cada criatura clama (algumas fazendo alarde, e outras, secretamente) 'a felicidade não está em mim'. O mais impetuoso e o mais contido proclamam a um ouvido atento: 'O Criador não implantou em mim a capacidade de fazer alguém feliz: Portanto, com todas as tuas habilidades e esforços, tu não extrairás isto de mim'. E, de fato, quanto mais algum dos filhos dos homens se esforça para extraí-la de algum objeto mundano, maiores serão as suas mortificações, -- e mais garantido será seu desapontamento.

5. 'Mas, embora o rebanho comum da humanidade não possa encontrar felicidade; embora ela não possa ser encontrada nos prazeres vazios do mundo; ela não possa ser encontrada no aprendizado, até mesmo por ele que tem um olhar bom; certamente, o contentamento do espírito deve fluir da ciência, porque esta é um atributo divino para se conhecer'.

De modo algum. Ao contrário, tem sido observado em todas as épocas, que os homens que possuíram os mais elevados níveis de conhecimentos foram os mais insatisfeitos de todos os homens. Isto fez com que uma pessoa de cultura eminente declarasse: 'Um tolo pode encontrar uma forma de paraíso sobre a terra', (embora isto seja um grande equívoco), 'mas um homem sábio encontrará nenhum'. Estes são os mais descontentes, os mais impacientes dos homens. Na verdade, aprender, naturalmente causa isto: Conhecer', como o Apóstolo observa, 'ufana'. Mas, onde o orgulho está, a felicidade não se encontra; eles são totalmente inconsistentes, um com o outro. Quanto mais alicerce existe para a reflexão melancólica, onde quer que a religião não esteja, importa à razão ser sábia? Para ver este panorama pesaroso com olhos penetrantes? Para saber com mais distinção queixar-se, e ter um senso superior do sentimento de dor?

III

1. Em Terceiro Lugar, resta considerar a questão importante de nosso Senhor: 'Se a luz que está em ti for trevas, ó quão grande serão estas trevas!'. O significado claro é, se aquele princípio que deve fornecer luz a toda tua alma, como o olho faz com o corpo, para direcionar teu entendimento, paixões, afeições, temperamentos, -- todos os teus pensamentos, palavras, e ações; se este mesmo princípio for trevas, -- colocado de maneira errado, trevas no lugar de luz; quão grande deverão ser aquelas trevas! Quão terríveis seus efeitos!

2. Com o objetivo de ver isto de um ponto de vista melhor, vamos considerar algumas poucas instâncias específicas. Comecemos com uma de pequena importância. Aqui está um pai escolhendo uma ocupação para seu filho. Se o olho dele não for bom; se ele não almejar simplesmente a glória de Deus na salvação de sua alma; se não for sua única consideração, que o chamado é igualmente para assegurar-lhe o mais alto lugar nos céus; não a maior partilha dos tesouros terrenos, ou o mais alto cargo honorífico na Igreja; -- a luz que está nele será manifestamente trevas. E quão grandes serão aquelas trevas! O engano em que ele está, não é algo pequeno, mas inexprimivelmente grande. O que! Você não prefere que ele seja um operário na terra, e um glorioso santo nos céus, em vez de se tornar um lorde na terra, e um espírito condenado no inferno? Se não, quão grandes; indescritivelmente grandes serão as trevas que cobrirão sua alma! Que tolo, que pateta, que louco, quão estúpido é, além de toda expressão, aquele que julga que um palácio na terra é preferível a um trono no céu!
Quão inexprimivelmente está seu entendimento enegrecido, quem, para obter para seu filho a honra que vem dos homens, acarreta sobre ele a vergonha eterna na companhia do demônio e seus anjos!

3. Eu não posso descartar este assunto ainda, visto que ele é da mais extrema importância. Quão grande é a escuridão daquele execrável patife (eu não posso dar a ele melhor título, seja ele rico ou pobre), que irá vender sua própria filha para o diabo; que irá permutar sua própria felicidade eterna, por alguma quantidade de ouro e prata! Que monstro será considerado o homem que devorar a carne de sua própria descendência! E não será tão grande monstro aquele que, através de seu próprio ato e obra, deixar que sua filha seja devorada por aquele leão ameaçador? Porque certamente fará isto (já que está em seu poder) aquele que casar sua filha com um homem profano. 'Mas ele é rico; mas ele tem dez mil libras!'. O que? E se fosse cem mil? Tanto pior; menor probabilidade ela terá de escapar da condenação do inferno. Com que cara, você irá olhar para ela, quando ela lhe disser nos reinos abaixo: 'Tu me lançaste para dentro deste lugar de tormento. Tiveste tu me dado um bom homem, embora pobre, eu poderia agora estar nos seios de Abrão. Mas, ó! De que me adiantou a riqueza? Ela mergulhou a mim e a ti no inferno!'.

4. Alguns de vocês que são chamados Metodistas são assim misericordiosos para com seus filhos? Buscam casá-los bem (como a frase jargão é), ou seja, os vende para algum comprador que tem muito dinheiro, mas pouca, ou nenhuma religião? A luz que está em vocês será, então, também trevas? Será que vocês estão se preocupando mais com Deus do que com o espírito de cobiça? Vocês também estão sem entendimento? Será que vocês não têm mais proveito naquilo que têm ouvido? Homem, mulher, pensem no que vocês são! Vocês se atrevem a vender seus filhos para o diabo? Vocês, sem dúvida, fazem isto (tanto quanto lhes cabe), quando vocês casam um filho ou uma filha, com um filho do diabo; embora ele seja alguém que se espoje em ouro e prata! Oh! Tomem cuidado, enquanto é tempo! Previnam-se da tentação dourada! Morte e inferno estão escondidos embaixo. Prefiram a graça, em vez de ouro e pedras preciosas; glória nos céus, em vez de riquezas na terra! Se não fizerem isto, vocês são piores do que os próprios nascidos em Canaã. Eles apenas fizeram seus filhos passarem 'através do fogo', por Moloch [ídolo fenício]. Vocês estão fazendo seus filhos passarem pelo fogo que nunca irá se extinguir, e permanecerem nele para sempre! Oh! Quão grandes são as trevas que vocês causam, depois de terem feito isto, 'limparem suas bocas, e dizerem que fizeram nada de mal!'.

5. Vamos considerar um outro caso, não muito distante deste. Suponham um jovem, tendo terminado seus estudos na Universidade, e que esteja desejoso de ministrar nas coisas santas, e, assim sendo, entrar para a ordenação. Qual a intenção dele nisto? Qual a finalidade que ele propõe a si mesmo? Se seus olhos forem bons, seu único desejo será salvar sua própria alma, e daqueles que o ouvem; trazer tantos pecadores quanto ele possivelmente puder da escuridão para a maravilhosa luz. Se, por outro lado, seus olhos não forem bons; se ele almejar o conforto, honra, dinheiro ou prestígio na igreja; o mundo poderá considerá-lo um homem sábio, mas Deus dirá a ele: 'Tu, tolo!'. E, enquanto a luz que está nele for assim trevas, 'quão grandes serão aquelas trevas!'. Que insensatez é comparável com sua insensatez! – alguém particularmente dedicado ao Deus dos céus, 'pretender coisas terrenas!'. Um Clérigo do mundo é um tolo, acima de todos os tolos; um louco, acima de todos os loucos! Tais patifes vilões e abjetos como estes são os 'alicerces' verdadeiros 'do desrespeito ao Clero'. Clérigos indolentes; Clérigos que buscam prazer; amantes do dinheiro; Clérigos que amam o reconhecimento de outros Clérigos; que buscam cargos honoríficos, -- esses são os miseráveis que farão com que a ordem seja condenada. Estas são as pestes do mundo cristão; o grande estorvo da humanidade; o fedor nas narinas de Deus! Tais como esses foram os que fizeram Crisóstomo dizer: 'O inferno está pavimentado com as almas dos sacerdotes cristãos!'.

6. Tomemos um outro caso. Suponhamos uma jovem, de uma fortuna independente, sendo endereçada, ao mesmo tempo, a um homem de riqueza, sem religião, e um homem de religião, sem riqueza; em outras palavras, para um rico, filho do diabo, e um pobre, filho de Deus. O que poderemos dizer, se, em iguais circunstâncias, ela preferir o homem rico, ao bom homem? Fica claro que seus olhos não são bons; portanto, seu tolo coração é trevas; e quão grandes são aquelas trevas, que a faz julgar que o ouro e a prata são uma recomendação maior do que a santidade! Que faz com que um filho do diabo com dinheiro, parece mais agradável a ela do que um filho de Deus, sem ele! Quais palavras podem suficientemente expressar a tolice indesculpável de tal escolha? Que alvo de risos (a menos que ela se arrependa severamente) ela será para todos os diabos no inferno, quando seu endinheirado companheiro a arrastar para seu próprio lugar de tormento!

7. Existe algum de vocês que estão no momento diante de Deus, que estejam preocupados com alguns desses assuntos? Permitam-me colocar com 'grande clareza de discurso', e consagrar as suas consciências 'às vistas de Deus'. Vocês, a quem Deus tem confiado seus filhos ou filhas, ao escolherem os parceiros para eles, têm feito isto com bons olhos? Quais as qualificações que vocês buscam em seus genros e noras? – religião ou riquezas? Qual é a primeira consideração de vocês? Vocês não pensam como os antigos pagãos, 'busquem dinheiro primeiro: e, então, que a virtude seja buscada.

Pensem a respeito: o que vocês preferem? Um pagão rico, ou um cristão devoto? – um filho do diabo, com uma propriedade, ou um filho de Deus, sem alguma? – um lorde, ou um cavalheiro, com o diabo em seu coração (ele não esconde isto, seu discurso o trai); ou um comerciante, que, vocês têm motivo para acreditar que Cristo habita em seu coração? Ó quão grandes são aquelas trevas que os fazem preferir um filho do diabo a um filho de Deus! O que faz com que vocês prefiram a pobre escória da riqueza mundana, que desaparece como uma sombra, às riquezas da glória eterna?

8. Eu chamo a atenção, especialmente, de vocês que são chamados de Metodistas. Às vistas do grande Deus, por mais de cinqüenta anos, eu tenho ministrado a vocês; eu tenho sido seu servo por causa de Jesus. Durante este tempo, eu tenho dado a vocês muitas advertências solenes, sobre esse assunto. Eu agora dou a vocês uma mais, talvez, a última. Vocês ousam, ao escolher seu chamado ou situação, olhar as coisas da terra, em vez das coisas do alto? Ao escolherem sua profissão, ou companheira (o) para a vida de seus filhos, vocês olham para a terra, ou para o paraíso? Vocês podem deliberadamente preferir, tanto para vocês mesmos, quanto para suas descendências, um filho do diabo com dinheiro a um filho de Deus sem ele? "Ó, almas, curvadas para a terra, e estranhas para o céu!". Arrependam-se. Arrependam-se de suas mentes terrenas vis! Renunciem ao título de cristãos, ou prefiram, no que se refere a vocês mesmos, ou aos seus filhos, a graça ao dinheiro; o céu à terra! Para o tempo que virá, pelo menos, que 'seus olhos sejam puros' que 'todo seu corpo possa ser cheio de luz!".
[Editado por Amber Knettle, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]

sábado, 23 de maio de 2009


Causas da Ineficiência do Cristianismo.

John Wesley

Dublin, 02 de Julho de 1789.




"Acaso não há bálsamo em Gileard, não há médicos? Por que, então, a saúde da filha de meu povo não foi curada?".
(Jer. 8:22)

1. Essa questão, como aqui proposta pelo Profeta, relaciona-se apenas a um povo particular – os filhos de Israel. Mas eu poderia aqui considerar isso, em um sentido geral, com relação a toda a humanidade. Eu poderia seriamente inquirir, Por que o Cristianismo tem feito tão pouco bem, no mundo? Ele não é o bálsamo, os meios exteriores, que os grandes médicos têm dado aos homens, para restaurar a saúde espiritual deles? Por que, então, ela não é restaurada? Você diz, Por causa da corrupção profunda e universal da natureza humana. A maioria verdade, mas aqui a mesma dificuldade. Não foi pretendido, por nosso Onisciente e Poderoso Criador ser o remédio para a corrupção? O remédio universal, para o mal universal? Mas ela não respondeu a essa intenção nunca, e não responde a ela, até hoje. O mal ainda permanece, em toda a sua força. Maldade de todo o tipo; vícios, interiores e exteriores, em todas as suas formas, ainda se espalham na face da terra.

2. Ó, Senhor Deus, "justo és tu! Deixe-nos, ainda, pleitear contigo". Como é isso? Tens tu esquecido-te do mundo que tu fizeste, e que tu tens criado apenas para tua própria glória? Podes tu desprezar o trabalho de tuas próprias mãos; a aquisição pelo sangue de teu Filho? Tu tens dado remédio para curar nossa doença, ainda assim, nossa doença não é curada. Ainda a escuridão cobre a terra, e escuridão densa as pessoas; sim, escuridão tal como os demônios sentem, e que escapam das profundezas do inferno.

3. Que mistério é esse, para que o Cristianismo possa ter feito tão pouco bem no mundo? Pode algum relato disso ser dado? Podem algumas razões ser afirmadas para isso? Não parece que uma razão para que ele tenha feito tão pouco bem é essa, — porque ele é tão pouco conhecido? Certamente ele poder ter feito nenhum bem, onde ele não é conhecido. Mas ele não é conhecido, até esse dia, pela maior parte dos habitantes da terra? No último século, nosso compatriota engenhoso e laborioso, Brerewood, viajou por grande parte do mundo conhecido, com o propósito de inquirir, tão longe quanto possível, em que proporção, os cristãos suportam os ateus e Maometanos. E, de acordo com seu cálculo, (provavelmente, o mais acurado que tenha sido feto), eu suponho que a humanidade possa ser dividida em trinta partes. Dezenove partes dessas são ainda ateus fechados, tendo não mais conhecimento do Cristianismo, do que as bestas que perecem. E nós podemos acrescentar, a essas, as numerosas nações, as quais têm sido descobertas, no presente século. Acrescentar, a essas, tais como as que professam a religião Maometana, e que rejeitam, extremamente, o Cristianismo. De modo que, cinco partes, da humanidade, fora das seis, são totalmente ignorantes do Cristianismo. É, entretanto, nenhuma surpresa que cinco, em seis, da humanidade; talvez, nove, em dez, têm nenhuma vantagem dele.

4. Mas por que tão pouca vantagem é derivada do mundo cristão? Não é algum cristão melhor do que os outros homens? Não é melhor do que os ateus e os Maometanos? Para dizer a verdade, ele é igual, se não; pior; pior do que tanto os Maometanos quanto os ateus. Em muitos casos, é, abundantemente, pior; mas, então, estes não são, propriamente, cristãos. A generalidade desses, embora use o nome cristão, não sabe o que é o Cristianismo. Ela não mais entende dele, do que o faz do grego ou hebreu; dessa forma, não pode ser melhor por isso. O que os cristãos (assim chamados) - da igreja oriental - dispersos, através dos domínios turcos, conhecem do genuíno Cristianismo: Esses da Morea, do Cáucaso, Mongrelia, Geórgia? Não são essas pessoas as próprias escórias da humanidade? E nós não temos razão para pensar que esses da igreja do sul; esses habitantes da Abissínia têm alguma concepção a mais do que eles, da "adoração de Deus, em espírito e verdade?" Vamos olhar aqui perto de casa. Veja as igrejas do oroente; aquelas que estão sob o patriarca de Moscou. Quão, excessivamente, pouco eles conhecem do Cristianismo externo ou interno. Quantos milhares, sim, miríades desses pobres selvagens sabem nada do Cristianismo, a não ser o nome! Quão pouco mais eles sabem do que os ateus Tártaros, de um lado, ou os ateus Chineses do outro!

5. Mas não é o Cristianismo, pelo menos, bem conhecido, por todos os habitantes do mundo ocidental? A grande parte do qual é, eminentemente, denominada Cristandade, ou a terra dos cristãos? Parte desses são ainda membros da igreja de Roma; parte é denominada Protestante. Como para os primeiros, Portugueses, Espanhóis, Italianos, Franceses, Germanos, o que grande massa deles conhecem das Escrituras Cristãs? Tendo tido oportunidade freqüente de conversar com muitos desses, em casa ou no exterior, eu tenho a audácia de afirmar que eles são, em geral, totalmente, ignorantes, tanto como para a teoria e prática do Cristianismo, de modo que eles perecem, aos milhares, por "falta de conhecimento" – pela necessidade de conhecerem os primeiros princípios do Cristianismo.

6. "Mas, certamente, esse não é o caso dos Protestantes na França, Suíça, Alemanha, e Holanda, muito menos, na Dinamarca e Suécia". Realmente, eu espero que, nem todos juntos. Eu estou persuadido que existem, entre eles, muitos que conhecem o Cristianismo; mas temo que não devemos pensar que um, em dez; se um, em cinqüenta, é desse número; certamente, não, se nós podemos formar um julgamento sobre eles, por aqueles que nós encontramos na Grã Bretanha e Irlanda. Vamos ver de que maneira situa-se em nossa própria porta. As pessoas na Inglaterra, em geral, (não da classe mais alta ou mais baixa, porque esses usualmente conhecem nada do assunto, mas as pessoas de classe média), entendem o Cristianismo? Eles imaginam o que é isso? Eles podem dar um relato inteligente, tanto da parte especulativa, como prática dele? O que eles sabem dos primeiros princípios dele? — Dos atributos naturais e morais de Deus; da sua providência particular; da redenção do homem; dos ofícios divinos de Cristo; das operações do Espírito Santo; da justificação; Do novo nascimento; da santificação interior e exterior? Experimente falar alguma, dessas coisas, às primeiras dez pessoas que estiverem em sua companhia; e você não irá encontrar nove delas totalmente ignorante de toda a questão? E não é a maioria dos habitantes da Alta Escócia, inteiramente, tão ignorante, quanto essas; sim, e as pessoas comuns da Irlanda? (eu digo, os Protestantes, dos quais, tão somente, estamos agora falando). Faça uma inquisição justa; não apenas, nas choupanas do interior, mas, nas cidades de Cork, Waterford, Limerick; sim, e mesmo em Dublin. Quão poucos conhecem o que o Cristianismo significa! Quão pequeno número você irá encontrar, que tem qualquer concepção da analogia da fé! Das algemas das verdades Bíblicas, e a relação delas, umas com as outras, -- ou seja, a corrupção natural do homem; justificação pela fé; o novo nascimento; santidade interior e exterior. Isso deve ser conhecido por todos os juízes competentes, que conversem livremente com seu próximo, nesses reinos; e que uma vasta maioria deles sabe não mais dessas coisas do que eles conhecem de Hebraico ou Árabe. E que bem pode o Cristianismo fazer a esses, que são totalmente ignorantes dele?

7. Embora, em algumas partes, tanto na Inglaterra como na Irlanda, o Cristianismo Bíblico seja bem conhecido; especialmente, em Londres, Bristol, Dublin, e quase todas as mais populosas cidades e regiões de ambos os reinos. Nesses, cada ramo do Cristianismo é declarado, abertamente e largamente; e milhares em milhares, continuamente, ouvem e recebem, "a verdade que está em Jesus". Por que, então, mesmo nessas partes, o Cristianismo tem tido tão pouco efeito? Por que a generalidade das pessoas, em todas essas partes, ainda é atéia? Não melhor do que os ateus da África, ou América, tanto no seu temperamento quanto na sua vida? Agora, como é isso calculado? Eu concedo, assim: Há uma palavra comum, entre os cristãos, na igreja primitiva: "A alma e o corpo fazem um homem; o espírito e a disciplina fazem um cristão"; implicando que ninguém pode ser um cristão real, sem a ajuda da disciplina cristã. Mas, se for assim, é para se surpreender que nós encontramos tão poucos cristãos; onde existe disciplina cristã? Agora, qualquer que seja a doutrina pregada, onde não há disciplina, não poderá haver efeito completo, nos ouvintes.

8. Para trazer a matéria mais para perto, ainda. Não é o Cristianismo Bíblico pregado e geralmente conhecido entre as pessoas comumente chamadas Metodistas? Pessoas imparciais permitem que seja. E elas não têm a disciplina cristã também, em todos os ramos essenciais dele, regularmente e constantemente, exercitada? Deixe aqueles que pensam que alguma parte essencial dela é insuficiente, chamarem a atenção, para ela; e ela não deverá ser insuficiente, por muito tempo. Por que, então, não são cristãos, os que têm tanto a doutrina como a disciplina cristã? Por que não é a saúde espiritual das pessoas chamadas Metodistas, recuperada? Por que não está toda essa mente em nós, a qual também está em Jesus Cristo? Por que nós não temos aprendido dele, nossa primeira lição, para sermos mansos e humilde de coração? Para dizer com ele, em todas as circunstâncias da vida: Não como eu desejo, mas como tu desejas? Eu não vim para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade Dele que me enviou. Por que nós não estamos crucificados para o mundo, e o mundo crucificado para nós; mortos, para o desejo da carne, o desejo dos olhos, e o orgulho da vida? Por que todos não vivemos a vida que está oculta com Cristo em Deus? Por que nós que temos todas as ajudas possíveis, não caminhamos como Cristo tem caminhado? Ele não nos deixou um exemplo de que nós devemos seguir as suas pisaduras? Mas nós não guardamos tanto seu exemplo, quanto a sua prescrição? Para exemplificar apenas um ponto: Quem considera essas palavras solenes: "Não deite você mesmo tesouros na terra?" Das três regras as quais estão colocadas no título, do sermão sobre "O Espírito de Cobiça da Iniqüidade", você pode encontrar muitos que observam a primeira regra, ou seja, "Ganhe tudo o que puder". Você pode encontrar poucos que observam a segunda: "Economize tudo o que puder": Mas, quantos, você tem encontrado que observa a terceira regra: "Dê tudo o que você puder?" Você tem alguma razão para acreditar que quinhentos desses podem ser encontrados, entre cinqüenta mil Metodistas? E nada, ainda, pode ser mais claro, do que todos aqueles que observam as duas primeiras regras, sem observar a terceira, serão duas vezes mais filhos do inferno do que eles haviam sido antes.

9. Ó, que Deus possa me capacitar, uma vez mais, antes que eu me vá, daqui, e não seja mais visto, para erguer minha voz, como um trompete, para aqueles que ganham e economizam tudo que podem, mas não dão tudo que podem! Vocês são os homens, alguns dos principais homens que continuamente afligem o Espírito Santo, e em grande medida, interrompem sua influência graciosa de descer em nossas assembléias.Muitos de nossos irmãos, amados de Deus, não têm comida para comer; eles não têm vestimenta para colocar; eles não têm um lugar onde deitar a cabeça. E por que eles estão assim desamparados?Porque você, impiedosamente, injustamente, e cruelmente, detém deles o que o seu Senhor hospeda em suas mãos, de propósito, para que você supra as necessidades deles.Veja os membros pobres de Cristo beliscando com fome, resfriando-se com frio, seminus! Enquanto isso, você tem muito dos bens materiais, -- para comer, beber e vestir. Em nome de Deus, o que você está fazendo? Você nem teme a Deus, nem cuida do homem? Porque você não divide o seu pão com o faminto, e cobre o nu? Você tem gasto, em seu próprio vestuário caro, o que teria respondido ambas essas intenções? Deus mandou você fazer dessa maneira? Ele aprova você, por fazer assim? Ele confiou a você os dele (não os seus) bens, para essa finalidade? E ele diz agora, "Servo de Deus, bem feito!". Você bem sabe que não! Essa ineficiente despesa não tem aprovação, tanto de Deus, quanto da sua própria consciência! Mas você diz que não pode dar-se ao luxo disso! Oh! Envergonhe-se de ter tão miserável contra-senso em sua boca! Nunca mais espalhe tal hipocrisia estúpida; tal absurdidade palpável! Pode algum mordomo dar-se ao luxo de ser um patife completo, para gastar os bens de seu Senhor? Pode algum servo dar-se ao luxo de gastar todo o dinheiro de seu Senhor; algum, de outro modo, do que seu Senhor designou para ele? Quem quer que assim proceda, deve ser excluído de uma sociedade cristã.

10. Mas é possível suprir todos os pobres, em nossa Sociedade, com as coisas necessárias à vida? Foi possível, uma vez, fazer isso, em uma Sociedade maior do que essa. Na primeira igreja de Jerusalém, não havia alguém, entre eles, que passava necessidade; mas a distribuição era feita para cada um, de acordo com o que precisava. E nós temos provas completas de que é possível se fazer dessa forma. É assim, entre o povo chamado Quakers. Sim! Entre os Morávios, assim chamados. E por que não poderia ser conosco? Porque eles são dez vezes mais ricos do que nós? Talvez, cinqüenta vezes! E ainda assim, nós somos capazes, o suficiente, se nós temos, igualmente, boa-vontade para fazer isso! Um cavalheiro (um Metodista) disse-me alguns anos atrás: "Eu devo deixar quarenta mil livras entre meus filhos". Agora, suponha que ele deixasse para eles vinte mil, e desse os outros vinte mil, para Deus e para o pobre, poderia Deus dizer a ele: "Tu, tolo?". E isso colocaria toda a Sociedade acima das necessidades.

11. Mas eu não irei falar, em dar para Deus, ou deixar metade de sua fortuna. Você pensaria que é um preço muito alto para o céu. Eu virei para condições menores. Não existem alguns poucos, entre vocês, que podem dar cem libras; talvez, alguns que podem dar mil; e, ainda, deixar para seus filhos, tanto quanto os auxiliaria trabalhar para a própria salvação deles? Com duas mil libras, e não, muito menos, podemos suprir as necessidades presentes de todos os nossos pobres, e colocá-los, em um caminho, para que possam suprir as próprias carências para o tempo vindouro. Agora, suponha que isso possa ser assim; nós somos transparentes, diante de Deus, enquanto isso não é feito? Não é a negligência disso uma das causas porque muitos ainda estão doentes e fracos, entre vocês; de alma e corpo? Que eles ainda afligem o Espírito Santo, por preferirem as modas do mundo, aos mandamentos de Deus? E eu, muitas vezes, duvido, se não é uma espécie de inclinação. Eu duvido, se não é um grande pecado, mantê-los em nossa Sociedade. Não pode ferir a alma deles, por encorajá-los a perseverar, em um caminho, contrário à Bíblia? E não pode, em alguma medida, interceptar as influências salutares do Espírito abençoado, em toda a comunidade?

12. Eu estou angustiado por não saber o que fazer. Eu vejo o que eu poderia ter feito uma vez. Eu devia ter dito, em caráter autoritário, e expressamente: "Aqui eu estou. Eu e minha Bíblia. Eu não irei, eu não ousarei, mudar desse livro, coisa grande ou pequena. Eu não tenho poder para dispensar um jota ou um til do que esteja contido aqui. Eu estou determinado a ser um Cristão Bíblico; não quase, mas, totalmente. Quem irá me encontrar, nesse terreno, junte-se a mim nisso, ou não se junte, afinal!". Com respeito ao vestir, em particular, eu poderia ter sido tão firme (e eu agora vejo que eu poderia ter sido, bem melhor), quanto qualquer uma das pessoas chamadas Quakers, ou Irmãos Morávios: -- Eu deveria ter dito: "Essa é a nossa maneira de nos vestir, que nós sabemos é bíblica e racional. Se você se juntar a nós, você terá que se vestir como nós; mas você não precisa juntar-se a nós, a menos que isso o agrade". Mas, ai de mim! O tempo passou, e o que eu poderia fazer agora, eu não posso dizer!

13. Mas, retornando à questão principal. Por que o Cristianismo tem feito tão pouco bem, mesmo entre nós? Entre os Metodistas? Entre eles que ouvem e recebem a completa doutrina cristã, e que têm a disciplina cristã acrescida para isso, nas partes mais essenciais dela? Principalmente, porque nós temos esquecido, ou, pelo menos, não devidamente, atendido àquelas palavras solenes de Nosso Senhor: "Se algum homem buscar a mim, que negue a si mesmo, tome sua cruz diariamente, e siga-me". Esse foi o comentário de um homem santo, diversos anos atrás: "Nunca houve diante das pessoas, na igreja cristã, quem tivesse tanto do poder de Deus, entre eles, com tão pouca abnegação!". De fato, o trabalho de Deus segue em frente, e de uma maneira surpreendente, não obstante esse defeito fundamental, mas ele não poderá seguir, da mesma forma, como ele, de outro modo poderia; nem pode a palavra de Deus ter um efeito completo, a menos que os ouvintes "negam a si mesmos, e carreguem a sua cruz diariamente".

14. Seria fácil mostrar, como, em muitos aspectos, os Metodistas, em geral, estão, deploravelmente, necessitados da prática da abnegação cristã; da qual, de fato, eles têm sido, continuamente, amedrontados, pelos tolos gritos dos Antinomianos. (doutrina de que, pela fé e a graça de Deus anunciadas no Evangelho, os cristãos são libertados, não só da lei de Moisés, mas de todo o legalismo e padrões morais de qualquer cultura). Para citar apenas um exemplo: Enquanto nós estávamos em Oxford, a regra de todo Metodista era (a menos, no caso de doença), jejuar toda quarta e sexta-feira, no ano, imitando a igreja primitiva, pela qual eles tinham o maior respeito. Agora, essa prática da igreja primitiva é universalmente aceita. "Quem não sabe", diz Epiphanius, um escritor antigo, "que os jejuns, no quarto e sexto dia da semana" (quarta e sexta-feira) "são observados pelos cristãos, através do mundo todo?". Por isso, eles também eram observados, pelos Metodistas, por diversos anos; por todos eles, sem exceção; mas, depois disso, alguns em Londres, levaram isso ao excesso, e jejuaram tanto, que prejudicaram a própria saúde. Não muito tempo antes, de outros terem feito disso um pretexto para não jejuarem, afinal. E eu temo que existem hoje, milhares de Metodistas, assim chamados, na Inglaterra e Irlanda, que, seguindo o mesmo mau exemplo, têm deixado, inteiramente, de jejuar; quem, longe de jejuar, três vezes na semana (como todos os mais severos fariseus fazem), jejuam não mais do que duas vezes, no mês. Sim. E não há alguns, entre vocês, que não jejuam um dia sequer, do começo ao fim do ano? Mas qual desculpa pode existir para isso? Eu não digo para aqueles que se autodenominam membros da igreja da Inglaterra; mas para alguns que professam acreditar que a Escritura seja a Palavra de Deus. Mesmo porque, de acordo com isso, o homem que nunca jejua, não está mais no caminho dos céus, do que aquele que nunca ora.

15. Mas pode qualquer um negar que os membros da Igreja da Escócia jejuam, constantemente, particularmente, nas suas ocasiões sacramentais? Em algumas paróquias, eles repetem, apenas uma vez ao ano; mas em outras, supõe-se, nas grandes cidades, elas ocorrem duas, ou mesmo três vezes ao ano. Agora, é bem sabido que existe sempre um dia de jejum, na semana, precedendo a administração da Ceia do Senhor. Mas, ocasionalmente, verificando um livro de relatos, em uma de suas Assembléias Comunais, eu observei tantos se sentando para os jantares dos Ministros, no dia de jejum, e estou informado que há o mesmo artigo nelas todas. E existe alguma dúvida, a não ser que as pessoas jejuem justamente como seus Ministros fazem? Mas que farsa é esta! Que paródia desprezível encima de uma evidente obrigação cristã! Ó, que a Assembléia Geral teria a consideração de honrar a sua nação! Permita que eles rolem para fora dela, essa repreensão vergonhosa, impondo o dever, ou removendo aquele artigo de seus livros. Não permita que ele apareça lá, nunca mais. Deixe desaparecer, para sempre.

16. Mas por que essa abnegação, em geral, é tão pouco praticada, no momento, entre os Metodistas? Por que é tão pouco dela encontrada, mesmo nas Sociedades mais antigas e maiores? Quanto mais eu observo e considero coisas, mais, claramente, aparece qual é a causa disso, em Londres, em Bristol, em Birmingham, em Manchester, em Leeds, em Dublin, em Cork. Os Metodistas ficaram mais e mais comodistas, porque eles ficaram ricos. Embora muitos deles ainda estejam em miséria deplorável ("não diga isso, em Gath; não publique isso, nas ruas de Asquelom!"), ainda assim, muitos outros, num espaço de vinte, trinta, quarenta anos, estão vinte trinta, sim, cem vezes mais ricos do que eles eram, quando eles primeiro entraram na Sociedade. E é uma observação, a qual admite poucas exceções, que nove, em dez desses, decresceram na graça, na mesma proporção que eles aumentaram em prosperidade. De fato, de acordo com a tendência natural dos ricos, nós não podíamos esperar que fosse de outro modo.

17. Mas que coisa tão espantosa é essa! Como podemos entender isso? Não parece (e ainda assim, isso não pode ser) que o Cristianismo, Cristianismo, verdadeiramente, Bíblico, tem uma tendência, um processo de tempo para debilitar-se e destruir a si mesmo? Porque, onde quer que se espalhe o Cristianismo verdadeiro, isso causa diligência e frugalidade, que, num curso natural das coisas, devem gerar ricos! E, ricos, naturalmente, geram orgulho, amor do mundo, e todo o temperamento que é destrutivo do Cristianismo. Agora, se não existe um meio de coibir isso, o Cristianismo é inconsistente consigo mesmo, e, em conseqüência, não pode permanecer, não pode continuar, muito tempo, entre quaisquer pessoas, desde que, onde quer que ele prevaleça, ele mina sua própria fundação.

18. Mas existe um meio de prevenir isso – Para que o Cristianismo continue entre as pessoas? Permitindo que a diligência e a frugalidade produzam pessoas ricas? Existem meios de impedir os ricos de destruírem a religião desses que a têm? Eu vejo apenas uma maneira possível, desmascarar quem puder. Você ganha tudo que pode, e economiza tudo que você pode: então, você deve, pela natureza das coisas, tornar-se rico. E, se você tem algum desejo de escapar da condenação do inferno, dê tudo que puder; caso contrário, eu não tenho mais esperança na sua salvação, do que aquela de Judas Iscariote.

19. Eu clamo a Deus para registrar em minha alma que eu aconselhei, não mais, do que eu pratiquei. Abençoado seja Deus, porque eu ganho, economizo, e dou tudo que posso. E assim, eu confio em Deus, eu faça, enquanto a respiração de Deus estiver em minhas narinas. Para o que então? Eu conto todas as coisas, mas perco, para a excelência do conhecimento de Jesus, meu Senhor! Eu desisto de toda justificativa, comparada com isso -- Senhor, eu estou condenado! Mas tu tens morrido!

Editado por George Lyons, com correções pelo Ryan Danker, para o Wesley Center for Applied Theology of Northwest Nazarene University (Nampa, ID). O texto pode ser usado livremente para propósitos pessoais ou escolares, ou modelo, ou outros web sites. Qualquer uso do material, para propósitos comerciais, de qualquer natureza, é estritamente proibido, sem a expressa permissão de Wesley Center at Northwest Nazarene University, Nampa, ID 83686. Contato: webadmin@wesley.nnc.edu, para permissão ou reportar erros

sexta-feira, 22 de maio de 2009



O Milênio: Explicação das três posições principais. Amilenismo, Pós-milenismo e Pré-milenismo.




A palavra ‘milênio’ significa “mil anos” (do lat. Millennium, “mil anos”). O termo vem de Apocalipse 20.4-5, onde se diz que “viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Poucos antes dessa declaração, lemos que um anjo desceu céu, agarrou o diabo “e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não enganasse as nações até se completarem os mil anos” (Ap 20.2-3).Ao longo da história da igreja tem havido três visões principais sobre a época e a natureza desse “milênio”.


1. Amilenismo: A primeira posição aqui explicada, o amilenismo, é realmente a mais simples.


Segundo essa posição, a passagem de Apocalipse 20.1-10 descreve a presente era da igreja. Trata-se de uma era em que a influência de Satanás sobre as nações sofre grande redução de modo que o evangelho pode ser pregado por todo o mundo. Aqueles que reinam com Cristo por mil anos são os cristãos que morreram e já estão reinando com Cristo no céu. O reino de Cristo no milênio, segundo esse ponto de vista, não é um reino físico aqui na terra, mas sim o reino celestial sobre o qual ele falou ao declarar: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.18).
Esse ponto de vista é chamado “amilenista” por sustentar que não existe nenhum milênio que ainda esteja por vir. Como os amilenistas crêem que Apocalipse 20 está-se cumprindo agora na era da igreja, sustentam que o “milênio” aqui descrito já está em curso no presente. A duração exata da era da igreja não pode ser conhecida, e a expressão “mil anos” é simplesmente uma figura de linguagem par um longo período em que os propósitos perfeitos de Deus vão se realizar.
De acordo com essa posição, a presente era da igreja continuará até o tempo da volta de Cristo (veja figura 55.1). Quando Cristo voltar, haverá ressurreição tanto de crentes como de incrédulos. Os crentes terão o corpo ressuscitado e unido novamente com o espírito e entrarão no pleno gozo do céu para sempre. Os incrédulos serão ressuscitados para enfrentar o julgamento final e a condenação eterna. Os crentes também comparecerão diante do tribunal de Cristo (2 Co 5.10), mas esse julgamento irá apenas determinar os graus de recompensa no céu, pois só os incrédulos serão condenados eternamente. Por esse tempo também começarão o novo céu e a nova terra. Imediatamente após o juízo final, o estado eterno terá início e permanecerá para sempre.
Esse esquema é bem simples porque nele todos os eventos dos tempos do fim ocorrem de uma só vez, imediatamente após a volta de Cristo. Alguns amilenistas dizem que Cristo pode voltar a qualquer momento, enquanto outros (como Berkhof) alegam que alguns sinais ainda não se cumpriram.


2. Pós-milenismo: O prefixo pós significa “depois”. Segundo esse ponto de vista, Cristo voltará após o milênio.


Segundo esse ponto de vista, o avanço do evangelho e o crescimento da igreja se acentuarão de forma gradativa, de tal modo que uma proporção cada vez maior da população mundial se tornará cristã. Como conseqüência, haverá influências cristãs significativas na sociedade, esta funcionará mais e mais de acordo com os padrões de Deus e gradualmente virá uma “era milenar” de paz e justiça sobre a terra. Esse “milênio” durará um longo período (não necessariamente de mil anos literais) e, por fim, ao final desse período, Cristo voltará à terra, crentes e incrédulos será ressuscitados, ocorrerá o juízo final e haverá um novo céu e uma nova terra. Entraremos então no estado eterno.
A característica principal do pós-milenismo é ser muito otimista acerca do poder do evangelho par mudar vidas e estabelecer o bem no mundo. A crença no pós-milenismo tende a aumentar em época em que a igreja experimenta grande avivamento, há ausência de guerras e conflitos internacionais e aparentemente se obtêm grandes avanços na vitória sobre o mal e sobre o sofrimento no mundo. Mas o pós0milenismo em sua forma mais responsável não se baseia simplesmente na observação dos eventos do mundo em nossa volta, mas em argumentos extraídos de várias passagens da Escrituras, as quais examinaremos abaixo.


3.Pré-milenismo


a. Pré-milenismo clássico ou histórico: O prefixo “pré” significa “antes” e a posição pré-milenista diz que Cristo irá voltar antes do milênio. Esse ponto de vista é defendido desde os primeiros séculos do cristianismo.

Segundo esse ponto de vista, a presente era da igreja continuará até que, com a proximidade do fim, venha sobre a terra um período de grande tribulação e sofrimento (T na figura acima indica tribulação). Depois desse período de tribulação no final da era da igreja, Cristo voltará à terra estabelecer um reino milenar. Quando ele voltar, os crentes que tiverem morrido serão ressuscitados, terão o corpo reunido ao espírito, e esses crentes reinarão com Cristo sobre a terra por mil anos. (Alguns pré-milenistas o consideram mil anos literais, enquanto outros o entendem como expressão simbólica para um período longo.) Durante esse tempo, Cristo estará fisicamente presente sobre a terra em seu corpo ressurreto e dominará como Rei sobre toda a terra. Os crentes ressuscitados e os que estiverem sobre a terra quando Cristo voltar receberão o corpo glorificado da ressurreição, que nunca morrerá, e nesse corpo da ressurreição viverão sobre a terra e reinarão com Cristo. Quanto aos incrédulos que restarem sobre a terra, muitos (mas não todos) se converterão a Cristo e serão salvos. Jesus reinará em perfeita justiça e haverá paz por toda a terra. Muitos pré-milenistas sustentam que a terra será renovada e veremos de fato o novo céu e a nova terra durante esse período (mas a fidelidade a esse ponto não é essencial ao pré-milenismo, pois é possível ser pré-milenista e sustentar que o novo céu e a nova terra virão só depois do juízo final). No início desse tempo, Satanás será preso e lançado no abismo, de modo que não terá influência sobre a terra durante o milênio no abismo, de modo que não terá influência sobre a terra durante o milênio (Ap 20.1-3).
De acordo com o ponto de vista pré-milenista, no final dos mil anos Satanás será solto do abismo e unirá as forças com muitos incrédulos que se submeteram externamente ao reinado de Cristo, mas por dentro revolvem-se em revolta contra ele. Satanás reunirá esse povo rebelde para batalhar contra Cristo, mas serão derrotados definitivamente. Cristo então ressuscitará todos os incrédulos que tiverem morrido ao longo da história, e esses comparecerão diante dele para o julgamento final. Uma vez realizado o juízo final, os crentes entrarão no estrado eterno.
Parece que o pré-milenismo tende a crescer em popularidade à medida que a igreja experimenta perseguição e o sofrimento e o mal aumentam sobre a terra. Mas, assim como no caso do pós-milenismo, os argumentos a favor do pré-milenismo não se baseiam em observação de eventos correntes, mas em passagens específicas das Escrituras, especialmente (mas não exclusivamente) Apocalipse 20.1-10.


b. Pré-milenismo pré-tribulacionista (ou pré-milenismo dispensacionalista): Outra variedade de pré-milenismo conquistou ampla popularidade nos séculos XIX e XX, em especial no Reino Unido e nos Estado Unidos. Segundo essa posição, Cristo voltará não só antes do milênio (a volta de Cristo é pré-milenar), mas também ocorrerá antes da grande tribulação (a volta de Cristo é pré-tribulacional). Esse ponto de visa é semelhante à posição pré-milenista clássica mencionada acima, mas com uma importante diferença: acrescenta outra volta de Cristo antes de sua vinda para reinar sobre a terra no milênio. Essa volta é vista como um retorno secreto de Cristo para tirar os crentes do mundo.

Segundo esse ponto de vista, a era da igreja continuará até que, de repente, de maneira inesperada e secreta, Cristo chegará a meio caminho da terra e chamará para si os crentes: “...os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares” (1Ts 4.16-17). Cristo então retornará ao céu com os crentes arrebatados da terra. Quando isso acontecer, haverá uma grande tribulação sobre a terra por um período de sete anos.
Durante esse período de sete anos de tribulação, cumprir-se-ão muitos dos sinais que, segundo predições, precederiam a volta de Cristo. O grande ajuntamento da plenitude dos judeus ocorrerá à medida que eles aceitarem Cristo como o Messias. Em meio ao grande sofrimento haverá também muita evangelização eficaz, realizada em especial pelos novos cristãos judeus. Ao final da tribulação, Cristo voltará com os seus santos para reinar sobre a terra por mil anos. Depois desse período milenar haverá uma rebelião que resultará na derrota final de Satanás e suas forças, e então virá a ressurreição dos incrédulos, o último julgamento e o começo do estado eterno.
Deve-se mencionar outra característica do pré-milenismo pré-tribulacionista: essa postura se encontra quase exclusivamente entre os dispensacionalistas que desejam fazer distinção clara entre a igreja a Israel. Essa posição pré-tribulacionista permite que a distinção seja mantida, uma vez que a igreja é retirada do mundo antes da conversão geral do povo judeu. Esse povo judeu, portanto, permanecerá um grupo distinto da igreja. Outra característica do pré-milenismo pré-tribulacionista é sua insistência em interpretar as profecias bíblicas “literalmente sempre que possível”. Isso se aplica em especial a profecias do Antigo testamento acerca de Israel. Os que defendem essa posição argumentam que essas profecias da futura bênção de Deus a Israel ainda irão se cumprir entre o próprio povo judeu; elas não devem ser “espiritualizadas”, tentando-se ver o seu cumprimento na igreja. Por fim, uma característica atraente do pré-milenismo pré-tribulacionista é que ele permite às pessoas insistir em dizer que a volta de Cristo pode ocorrer “a qualquer momento” e, por essa razão, fazem justiça ao significado pleno das passagens que nos incentivam a estarmos prontos para a volta de Cristo, ao mesmo tempo que ainda admite um cumprimento bem literal dos sinais que precedem a sua volta, pois diz que lês se darão durante a tribulação.
Autor: Wayne GrudemFonte: Teologia Sistemática, pg. 946-951, Editora Vida Nova. Compre este livro em http://www.vidanova.com.br/ .


História dos mártires cristãos até a primeira perseguição geral sob Nero


Vamos refletir sobre nossa vida como cristãos, trago o primeiro capítulo do livro O LIVRO DOS MÁRTIRES de john Fox. Primeira edição, escrita por Fox no século XVI,
e ampliação de William Byron Forbush no século XIX. Compre e leia este livro e veja como sofreram os primeiros cristãos. Na minha vida como cristão me ajudou muito e eu recomendo.


1. ESTEVÃO
Santo Estevão foi o seguinte a padecer. Sua morte foi ocasionada pela fidelidade com a que predicou o Evangelho aos entregadores e matadores de Cristo. Foram excitados eles a tal grau de fúria, que o expulsaram fora da cidade, apedrejando-o até matá-lo. a época em que sofreu supõe-se geralmente como a Páscoa posterior à da crucifixão de nosso Senhor, e na época de Sua ascensão, na seguinte primavera.
A continuação suscitou-se uma grande perseguição contra todos os que professavam a crença em Cristo como Messias, ou como profeta. São Lucas nos diz de imediato que "fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém", e que "todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos" (Atos 8:1, ACF).
Em volta de dois mil cristãos, incluindo Nicanor, um dos sete diáconos, padeceram o martírio durante a "tribulação suscitada por causa de Estevão" (Atos 11:9, PJFA).

2. TIAGO O MAIOR
O seguinte mártir que encontramos no relato segundo Lucas, na História dos Atos dos Apóstolos, é Tiago, filho de Zebedeu, irmão mais velho de João e parente de nosso Senhor, porque sua mãe Salome era prima irmã da Virgem Maria. Não foi até dez anos depois da morte de Estevão que teve lugar este segundo martírio. Aconteceu que tão pronto como Herodes Agripa foi designado governador da Judéia que, com o propósito de congraçar-se com os judeus, suscitou uma intensa perseguição contra os cristãos, decidindo dar um golpe eficaz, e lançando-se contra seus dirigentes. Não se deveria passar por alto o relato que dá um eminente escritor primitivo, Clemente de Alexandria. Nos diz que quando Tiago estava sendo conduzido ao lugar de seu martírio, seu acusador foi levado ao arrependimento, caindo a seus pés para pedi-lhe perdão, professando-se cristão e decidindo que Tiago não receberia sozinho a coroa do martírio. Por isso, ambos foram decapitados juntos. Assim recebeu, resoluto e bem disposto, o primeiro mártir apostólico aquele cálice que ele tinha dito ao Salvador que estava disposto a beber. Timão e Parmenas sofreram o martírio por volta daquela época; o primeiro em Filipos, e o segundo na Macedônia. Estes acontecimentos tiveram lugar no 44 d.C.

3. FELIPE
Nasceu em Betsaida da Galiléia, e foi chamado primeiro pelo nome de "discípulo". Trabalhou diligentemente na Ásia Superior, e sofreu o martírio em Heliópolis, na Frigia. Foi acoitado, encarcerado e depois crucificado, no 54 d.C.

4. MATEUS
Sua profissão era arrecadador de impostos, e tinha nascido em Nazaré. Escreveu seu evangelho em hebraico, que foi depois traduzido ao grego por Tiago o Menor. Os cenários de seus trabalhos foram Partia e a Etiópia, país no que sofreu o martírio, sendo morto com uma lança na cidade de Nadaba no ano 60 d.C.

5. TIAGO O MENOR
Alguns supõem que se tratava do irmão de nosso Senhor por parte de uma anterior mulher de José. Isto resulta muito duvidoso, e concorda demasiado com a superstição católica de que Maria jamais teve outros filhos além de nosso Salvador. Foi escolhido para supervisar as igrejas de Jerusalém, e foi o autor da Epístola ligada a Tiago. A idade de noventa e nove anos foi espancado e apedrejado pelos judeus, e finalmente abriram-lhe o crânio com um cacetete.

6. MATIAS
Dele se sabe menos que da maioria dos discípulos; foi escolhido para encher a vaga deixada por Judas. Foi apedrejado em Jerusalém e depois decapitado.

7. ANDRÉ
Irmão de Pedro, predicou o evangelho a muitas nações da Ásia; mas ao chegar a Edessa foi apreendido e crucificado numa cruz cujos extremos foram fixados transversalmente no chão [1] Daí a origem do termo de Cruz de Santo André.

8. MARCOS
Nasceu de pais judeus da tribo de Levi. Supõe-se que foi convertido ao cristianismo por Pedro, a quem serviu como amanuense, e sob cujo cuidado escreveu seu Evangelho em grego. Marcos foi arrastado e despedaçado pelo populacho de Alexandria, em grande solenidade de seu ídolo Serapis, acabando sua vida em suas implacáveis mãos.

9. PEDRO
Entre muitos outros santos, o bem-aventurado apóstolo Pedro foi condenado a morte e crucificado, como alguns escrevem, em Roma; embora outros, e não sem boas razões, tenham dúvidas a esse respeito. Hegéssipo diz que Nero buscou razões contra Pedro para dá-lhe morte; e que quando o povo percebeu, rogaram-lhe insistentemente que fugisse da cidade. Pedro, ante a insistência deles, foi finalmente persuadido e se dispus a fugir. Porém, chegando até a porta viu o Senhor Cristo acudindo a ele e, adorando-o, lhe disse: "Senhor, aonde vãs?" ao que ele respondeu: "A ser de novo crucificado". Com isto, Pedro, percebendo que se referia a seu próprio sofrimento, voltou à cidade. Jerônimo diz que foi crucificado cabeça para abaixo, com os pés para cima, a petição dele, porque era, disse, indigno de ser crucificado da mesma forma que seu Senhor.

10. PAULO
Também o apóstolo Paulo, que antes se chamava Saulo, após seu enorme trabalho e obra indescritível para promover o Evangelho de Cristo, sofreu também sob esta primeira perseguição sob Nero. Diz Obadias que quando se dispus sua execução, Nero enviou dois de seus cavaleiros, Ferega e Partémio, para que lhe dessem a notícia de que ia ser morto. Ao chegarem a Paulo, que estava instruindo o povo, pediram-lhe que orasse por eles, para que eles acreditassem. Ele disse-lhe que em breve acreditariam e seriam batizados diante de seu sepulcro. Feito isso, os soldados chegaram e o tiraram da cidade para o lugar das execuções, onde, depois de ter orado, deu seu pescoço à espada.

11. JUDAS
Irmão de Tiago, era comumente chamado Tadeu. Foi crucificado em Edessa o 72 d.C.

12. BARTOLOMEU
Predicou em vários países, e tendo traduzido o Evangelho de Mateus na linguajem da Índia, o propalou naquele país. Finalmente foi cruelmente açoitado e logo crucificado pelos agitados idólatras.

13. TOMÉ
Chamado Dídimo, predicou o Evangelho em Partia e na Índia, onde por ter provocado a fúria dos sacerdotes pagãos, foi martirizado, sendo atravessado com uma lança.

14. LUCAS
O evangelista foi autor do Evangelho que leva seu nome. Viajou com Paulo por vários países, e se supõe que foi pendurado de uma oliveira pelos idólatras sacerdotes da Grécia.

15. SIMÃO
Apelidado de zelote, predicou o Evangelho na Mauritânia, África, inclusive na Grã Bretanha, país no qual foi crucificado em 74 d.C.

16. JOÃO
O "discípulo amado" era irmão de Tiago o Maior. As igrejas de Esmirna, Sardes, Pérgamo, Filadélfia, Laodicéia e Tiatira foram fundadas por ele. Foi enviado de Éfeso a Roma, onde se afirma que foi lançado num caldeiro de óleo fervendo. Escapou milagrosamente, sem dano algum. Domiciano desterrou posteriormente na ilha de Patmos, onde escreveu o livro do Apocalipse. Nerva, o sucessor de Domiciano, o libertou. Foi o único apóstolo que escapou de uma morte violenta.

17. BARNABÉ
Era de Chipre, porém de ascendência judia. Supõe-se que sua morte teve lugar por volta do 73 d.C.

E apesar de todas estas contínuas perseguições e terríveis castigos, a Igreja crescia diariamente, profundamente arraigada na doutrina dos apóstolos e dos varões apostólicos, e regada abundantemente com o sangue dos santos.


[1] Cruz em forma de X. (N. da T.).

quarta-feira, 20 de maio de 2009





SALVAÇÃO PELA FÉ

John Wesley


Pregação feita na St. Mary´s Oxford – Diante da Universidade – em 18 de Junho de 1738

“Pela graça, estão todos salvos pela fé”. Eph. 2:8.

Todas as bênçãos as quais Deus tem concedido ao homem são da mera graça dele: generosidade, ou favor; seu livre e, completamente, imerecido favor; homem que não tem nenhuma reivindicação para a menos importante das suas clemências.

Foi pela livre graça que “formou o homem do pó do chão, e soprou nele uma alma vivente”, e estampou naquela alma a imagem de Deus, e “colocou todas as coisas debaixo dos seus pés”.

A mesma livre graça continua em nós, até nossos dias: vida, respiração, e todas as coisas. Porque não há nada do que somos, ou temos, ou fazemos, que pode merecer a menor coisa das mãos de Deus. "Todos nossas obras, Tu, Ó Deus, tem forjado em nós". Esses são muito mais exemplos da sua livre clemência: e, mesmo que qualquer retidão possa ser encontrada no homem, esse é também um dom de Deus.

Que recursos, então, deve um homem pecador expiar para qualquer dos seus menores pecados? Com as próprias obras? Não. Sejam elas tantas ou santas, elas não são dele, mas de Deus. Mas, de fato, os homens são todos profanos e pecadores, por eles mesmos, então, cada um deles precisa de uma nova expiação.

Apenas frutos corruptos crescem em uma árvore corrupta. E seu coração é completamente corrupto e abominável; criatura “para alcançar a glória de Deus”, a gloriosa justiça, primeiramente impressa na sua alma, depois da imagem de seu grande Criador. Dessa forma, tendo nada, nem retidão, nem obras, a pleitear, sua boca é totalmente calada diante de Deus.

Se mesmo pecadores encontram favor com Deus, isto é “graça pela graça!” Se Deus concede ainda verter novas bênçãos em nós, ou seja, a maior de todas as bênçãos, salvação, o que podemos dizer dessas coisas, a não ser “Graças seja para com Deus por seu inexprimível dom!”.

E, portanto, assim é... “Deus confiou seu amor para conosco, por isso, enquanto éramos ainda pecadores, Cristo morreu”, para nos salvar “pela Graça”. Dessa forma, “somos salvos através da fé”. Graça é a fonte, fé a condição de nossa salvação.

Agora, que não alcançamos a graça de Deus, cabe-nos cuidadosamente inquirir. –

I. Que fé é essa, pela qual somos salvos.
II. Que salvação é essa pela fé.
III. Como podemos responder algumas objeções.

I. Que fé é essa, pela qual somos salvos.

1. Não é apenas a fé do pagão.

Agora, Deus exigiu do pagão que acreditasse. “Que Deus é quem recompensa os que diligentemente O busca”; e que Ele será buscado glorificando-O como Deus, e dando a Ele graças por todas as coisas, e pela cuidadosa prática da virtude da moral, da justiça, misericórdia, e verdade, para com as suas criaturas. O Grego ou Romano, por conseguinte, sim, a Scythian ou Indian; não teriam desculpas, se não acreditassem tanto: na criatura e atributos de Deus, um estado futuro de recompensa e castigo, a natureza obrigatória da virtude moral. Porque isso é apenas a fé do pagão.

2. Nem essa é a fé do diabo.

Mesmo porque, a fé do diabo vai muito além da do pagão, uma vez que ele acredita que há um Deus sábio e poderoso, gracioso para recompensar e justo para punir; mas que também Jesus é filho de Deus, o Cristo, o Salvador do mundo. E, assim, encontrarmos ele declarando, em termos expressos, “Eu conheço, Tu, que sois, o Santo Deus”.

(Lucas 4:34) “Ah! Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: O Santo de Deus”.

Tampouco podemos duvidar de que esse espírito infeliz acredita em todas essas palavras que vêm da boca do Santo Deus, e, que tudo quanto foi escrito pelos santos homens antigos, sendo que dois deles foi compelido a dar aquele testemunho glorioso:

"Esses homens são os servos do mais alto Deus, que mostra a você o caminho da salvação". Assim, o grande inimigo de Deus e do homem acredita, e treme acreditando: - Que Deus foi feito manifesto na carne; que ele “porá todos os inimigos debaixo dos seus pés"; e que "toda a Escritura foi dada pela inspiração de Deus". Assim tão longe, vai a fé do diabo.

3. A fé pela qual somos salvos, no significado da palavra que será explicada daqui por diante, nem chega perto daquela que os Apóstolos tiveram, enquanto Cristo ainda estava na terra.

Porque eles acreditaram tanto nele, a ponto de “deixarem tudo e segui-lo”; embora tivessem poder para realizar milagres, “curar toda a forma de enfermidades, e todas as formas de doenças”; sim, eles tinham “poder e autoridade sobre todos os males”, e, além de tudo isso, foram enviados pelo seu Mestre para “pregar a palavra em todo o reino de Deus”.

4. Que fé é essa, então, pelo qual somos salvos?

Em geral, pode ser respondido, primeiro, como sendo a fé em Cristo: Cristo, e Deus através de Cristo; estes são os objetos próprios dela. Assim, sendo suficientemente e absolutamente distinguida da fé, tanto do ancião, quanto do pagão moderno. E sendo completamente distinta da fé do diabo, que é puramente especulativa, racional, fria, consentimento inanimado, uma seqüência de idéias da mente; mas também uma disposição do coração. Como dizem as escrituras:

“Com o coração o homem acreditou na justiça”, e, “E se confessares com a tua boca o Senhor Jesus, e acreditares no teu coração que Deus o levantou da morte, então serás salvo”.

5. E, nisso, ela difere da fé o qual os Apóstolos tiveram, enquanto nosso Senhor estava na terra, e reconhece a necessidade e mérito de sua morte, e o poder de sua ressurreição. Reconhece a sua morte, como sendo o único meio de redimir o homem da morte eterna, e sua ressurreição, como nossa restauração para a vida e imortalidade; já que ele "foi entregue pelos nossos pecados, e subiu novamente aos céus para nossa justificação".

A fé cristã é, então, não só um reconhecimento de todo o evangelho de Cristo, mas também a completa confiança no sangue de Cristo; a confiança nos méritos da sua vida, morte, e ressurreição; e inclinação a ele como nossa expiação e nossa vida, que foi dada por nós, e vivendo em nós, e, em conseqüência a isto, o fim com ele, e mantendo-se fiel a ele, como nossa “sabedoria, retidão, santificação e redenção”, ou, em uma palavra, nossa salvação.

II. Que salvação é essa, pela fé.

1. O que quer que isso implique, é a presente salvação. É algo atingível. Atualmente atingida, na terra, por aqueles que são participantes dessa fé. Sobre isso falou o apostolo aos crentes em Efésios, e neles aos crentes em todos os tempos: não, podemos ser (se bem que isso também é verdadeiro), mas “somos salvos pela fé”.

2. Somos salvos pela fé (para incluir tudo em uma palavra): do pecado. Essa é a salvação que é pela fé. Esta é aquela grande salvação predita pelo anjo, antes que Deus trouxesse seu Primogênito ao mundo: “Chamarás a ele pelo nome de Jesus, porque ele deverá salvar seu povo de seus pecados”. E nem aqui, ou em qualquer outra parte dos escritos santos, há qualquer limitação ou restrição. A todo seu povo, ou como é expresso em todo lugar, “todo aquele que acredita nele”, ele salvará dos seus pecados; desde o original até o atual, passado e presente pecado, “da carne e do espírito”. Pela fé nele, eles estão salvos tanto da culpa quanto do poder dela.

3. Primeiro: Da culpa de todo o pecado passado, considerando que todo mundo é culpado diante de Deus;

Ø a tal ponto, que Ele deveria "ser rigoroso para colocar um sinal naquele que se extraviou; não há ninguém que poderia suportar isso”;

Ø e, considerando que, “pela lei está apenas o conhecimento do pecado, mas nenhuma libertação dele, cumprindo as ações da lei, nenhuma carne poderia ser justificada nesse sinal”;

Ø agora, “a justiça de Deus, o qual é pela fé em Jesus Cristo, é manifestada a todo aquele que crê”.

Ø Assim sendo, “todos estão livremente justificados pela sua graça, através da redenção que está em Jesus Cristo”.

Ø “Ele, Deus, estabeleceu ser uma propiciação através da fé em seu sangue, para declarar sua retidão para (ou pela) remissão dos pecados que são passados".

Ø Agora, Cristo lançou fora “a maldição da lei, tendo sido feito maldito por nós”.

Ø Ele “destruiu a escrita da lei que estava contra nós, lançou-a fora do caminho, pregando-a em sua cruz”.

Ø “Assim, não há condenação alguma àqueles que crêem em Cristo Jesus”.

4. E, sendo salvo da culpa, eles são salvos do medo. Não realmente de um medo de filho, de ofender; mas medo de servo; todo aquele medo servil que maquina tormento; medo do castigo; medo da ira de Deus, mas a quem eles agora já não consideram como um Mestre severo, e, sim, um Pai complacente.

"Eles não receberam o espírito de escravidão novamente, mas o Espírito de adoção, por meio de qual eles clamam, Abba, Pai: o próprio Espírito que é também paciente testemunha de seus espíritos, porque eles são as crianças de Deus".

Eles são também salvos do medo, entretanto, não da possibilidade da queda longe da graça de Deus, e de alcançar as grandes e preciosas promessas. Assim, tenham eles "paz com Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles se regozijam na esperança da glória de Deus. E o amor de Deus é derramado em seus corações, pelo Espírito Santo que é dado a eles".

E, por meio disso, eles são persuadidos (entretanto, talvez, não todo o tempo, nem com a mesma abundância de persuasão), que “nem morte, nem vida, nem coisas presentes, nem coisas para vir, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura, poderá ser capaz de separa-los do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor".

5. Novamente: por esta fé eles são salvos do poder de pecado, como também da culpa dele. Assim o Apóstolo declara, "Sabemos que ele foi manifesto, para lançar fora nossos pecados; e, Nele, não está o pecado. Assim, todo aquele que habita Nele não terá pecado”.

(1 John 3:5) “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”.

Novamente: "Pequenas crianças, não deixem homem algum enganá-los. Aquele que comete pecado é do diabo. Todo aquele que crê é nascido em Deus. E todo aquele que é nascido em Deus não comete pecado; e sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque ele é nascido em Deus”.

Mais uma vez: "Nós sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não tem pecado; mas ele que é procriado de Deus defende a si mesmo, e aquele que é pecaminoso não tocará Nele”.

(1 John 5:18) “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam mata-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”.

6. Aquele, que é pela fé, nascido de Deus, não peca.

(1) por qualquer pecado habitual; porque todo pecado habitual é pecado reinando: Mas pecado nenhum reina naquele que crê.

(2) Por qualquer pecado intencional; porque sua vontade, enquanto habita na fé, é completamente colocada contra o pecado, e tem aversão a ele como a um veneno mortal.

(3) Por qualquer desejo pecador; porque ele continuamente desejou a santa e perfeita vontade de Deus, e qualquer tendência a um desejo profano, ele, pela graça de Deus, persistiu no princípio.

(4) Nem pecou por fraqueza, tanto em ações, palavras, ou pensamento; porque suas fraquezas não coincidem com sua vontade; e, sem isso, eles não são propriamente pecados. Assim, “ele, que é nascido em Deus, não comete pecado”; e, embora ele não possa dizer que não tem pecado, até agora, “ele não pecou”.

7. Esta é, então, a salvação que é através da fé, até mesmo, no mundo presente: a salvação do pecado, e as conseqüências do pecado, ambos freqüentemente expressos na palavra justificação; que, levada num sentido mais amplo, implica na libertação da culpa e castigo, pela expiação de Cristo; de fato, aplicada à alma do pecador, que, agora, acredita nele; e a libertação do poder de pecado, através de Cristo, moldado em seu coração. De forma que ele está assim justificado, ou salvo pela fé, e é, deveras, nascido novamente - nascido novamente pelo Espírito - a uma nova vida, o qual “é encoberto com Cristo em Deus”.

E, como um bebê recém-nascido, ele recebe o “verdadeiro leite da palavra, e, desse modo, cresce”; seguindo adiante no poder do Senhor seu Deus, de fé em fé, de graça em graça, até o fim, para que se torne “um homem perfeito, na medida da estatura da abundância de Cristo”.

III. A primeira objeção habitual para isto é...

1. Que pregar salvação ou justificação, pela fé apenas, é pregar contra a santidade e boas obras. Para a qual uma pequena resposta poderia ser dada: “Assim, seria, se nós falássemos, como alguns fazem, de uma fé que estava separada disso; mas nós falamos de uma fé que não é assim, mas produto de todas as boas obras, e toda a santidade”.

2. Mas pode ser de uso considerar isto um pouco mais; especialmente, desde que isso não seja alguma objeção nova, mas, tão velha, quanto no tempo de Paulo. Quando, então, foi perguntado: “Não fazemos nula a lei, através da fé?”. Ao que respondemos:

1o. Aquele que não prega a fé, obviamente, torna a lei nula; tanto diretamente como grosseiramente, pelas limitações e comentários que corroem todo o espírito do texto; ou indiretamente, não mostrando os únicos significados, por meio dos quais, é possível executá-la.

2o. Considerando que, “nós estabelecemos a lei”, tanto mostrando toda sua extensão, como significado espiritual; e chamando a todos para esse modo de vida, por meio do qual “a justiça da lei possa ser cumprida neles”. Estes, enquanto eles confiam somente no sangue de Cristo, cumprem todas as leis que ele designou, fazem todas as “boas obras, as quais ele preparou anteriormente, para que pudessem caminhar nelas”, e desfrutam e manifestam todo temperamento santo e divino, com a mesma franqueza que havia Cristo Jesus.

3. Mas não pregar essa fé, conduz os homens ao orgulho? Acidentalmente, é possível: Por isso, todo crente deve ser fervorosamente acautelado, nas palavras do grande Apóstolo:

"Por causa da incredulidade”, os primeiros galhos “foram quebrados: tu permaneceste pela fé”. Não seja magnânimo, mas tema. “Se Deus não tivesse poupado os galhos naturais, tomado cuidado, temo que ele não teria poupado a árvore”.

Vejam, então, a bondade e severidade de Deus! Naqueles que caíram, severidade; mas, em relação à árvore, misericórdia; “se continuares em sua misericórdia; caso contrário, tu também poderás ser cortado”.

E enquanto ele continua, desse ponto, ele lembrará daquelas palavras de Paulo, prevendo e respondendo a esta mesma objeção...
(Ro 3:27) “Onde está, logo, a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não! Mas pela lei da fé”.

Se o homem é justificado pelas suas obras, ele teria do que se gloriar? Mas não há glória para ele “que não trabalhou, mas acreditou Nele que justificou ao ímpio”
(Ro 4:5) “Mas, àquele que não pratica; porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”.

Do mesmo efeito são as palavras, ambas precedendo e seguindo o texto:
(Efe 2:4ff) “Mas Deus, que é rico em clemência, pelo muito amor com que nos amou, até mesmo quando estávamos mortos em pecado, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”.

De vocês mesmos vieram nem sua fé, nem sua salvação. “Isso é um presente de Deus”, o livre, imerecido presente; a fé, através do qual vocês são salvos, tanto quanto a salvação pela qual ele, de seu próprio prazer, seu mero favor, anexa, além disso.

Que acreditemos, é uma instância de Sua graça; que acreditando seremos salvos.“Não pelas obras, para que não qualquer homem possa se vangloriar”. Todas as nossas obras, e nossa retidão, antes da nossa crença, tinham mérito nenhum, perante Deus, mas condenação. Tão longe estávamos de merecermos fé, que, quando dada, não era pelas obras. Nem é salvação das obras o que fazemos, quando acreditamos, uma vez que é Deus que trabalha em nós; dessa forma, ele nos deu uma recompensa por aquilo que ele mesmo realizou, não só, confiando as riquezas de sua misericórdia, mas não nos deixando do que nos gloriarmos.

4. “Porém, falando dessa forma da clemência de Deus, salvando e justificando livremente o homem pela fé, pode encorajar os homens ao pecado? Realmente, pode, e vai”:

Muitos continuarão em pecado para que a graça possa abundar ": Mas o sangue deles está sobre suas próprias cabeças. A bondade de Deus deve conduzi-los ao arrependimento; e, assim, todos aqueles que são sinceros de coração. Quando eles souberem que ainda há perdão com Ele, eles clamarão em voz alta, para que ele destrua também seus pecados, pela fé que está em Jesus. E, se eles fervorosamente clamarem, e não desfalecerem, se o buscarem em todos os significados que ele designou; se, se recusarem a ser confortados, até que ele venha; “ele virá, e não irá demorar-se”.

E ele pode fazer muitas obras, em muito pouco tempo. Muitos são os exemplos, nos Atos dos Apóstolos, de que Deus está trabalhando a fé, nos corações dos homens, até mesmo como um raio que cai do céu. Assim, na mesma hora que o Paulo e Silas começaram a orar, o carcereiro se arrependeu, acreditou, e foi batizado; como foram três mil, através de Pedro, no dia de Pentecostes, e todos se arrependeram e acreditaram, na sua primeira pregação. E, abençoado seja Deus, há, agora, muitas provas vivas de que ele ainda "é poderoso para salvar".

5. Ainda para a mesma verdade, colocada de uma outra maneira, uma objeção bastante contrária é feita: "Se, o homem não pode ser salvo por tudo aquilo que ele pode fazer, isto levará os homens a se desesperarem”.

Verdade. A se desesperarem, por terem sido salvos por suas próprias obras, seus próprios méritos, ou retidão. E assim deve; porque ninguém pode confiar nos méritos de Cristo, já que ele renunciou totalmente aos dele. Aquele que “ocorreu de firmar a sua própria retidão”, não pode receber a retidão de Deus. A retidão a qual é pela fé não pode ser dada a ele, enquanto confiar no que é da lei.

6. Mas isso, alguns dizem, é uma doutrina incômoda.

O diabo falou como ele mesmo, isso é, sem verdade ou vergonha, quando ele ousou sugerir isso aos homens que é desse jeito. Isso é a única coisa confortável, é “muito cheia de consolo”, a todo autodestruídos, autocondenados pecadores. Que, “quem quer que acredite Nele não será envergonhado, e que o mesmo Senhor sobre todos é rico a todos aqueles que O clamarem”: aqui está o consolo, alto como o céu, mais forte que a morte! O que! Misericórdia a todos? Para Zacchaeus, o ladrão público? Para Maria Madalena, uma rameira comum?

Impessoal, eu ouço um dizer “Então eu, até mesmo eu, posso esperar por clemência!". E, também, tu podes, tu que és aflito, que ninguém tem confortado! Deus não lançara fora tua oração. Não. Talvez ele possa dizer na próxima hora – “Tenha boa disposição de ânimo, teus pecados te foram perdoados”; tão perdoados, que eles não reinarão mais obre ti; sim, e que “o Espírito Santo prestará testemunho com teu espírito, porque tu és a criança de Deus”.

Ó, gratas notícias! Notícias de grande alegria que é enviada a todas as pessoas! Oh! A todas aquelas que estão sedentas, venham até as águas: Venham, sim, e comprem, sem dinheiro e sem preço. Quaisquer que sejam seus pecados, ainda que vermelho como carmesim, ainda que em maior quantidade que os cabelos em sua cabeça, “retorne, sim, ao Senhor, ele terá clemência sobre você, e, para nosso Deus, porque ele perdoará abundantemente”.

7. Quando não mais objeções ocorrem, então, nos é simplesmente dito que salvação pela fé não deve ser pregada, como primeira doutrina, ou, pelo menos, não ser pregada a todos. Mas, o que disse o Espírito Santo? “Outra fundação nenhum homem pode assentar, senão essa que já está assentada; nem mesmo Jesus Cristo”. Então, que “quem quer que acredite nele deverá ser salvo”, é, e deve ser, a fundação de toda nossa pregação; isto é, precisa ser pregada, como primeira doutrina. “Bem, mas não a todos” (?)

A quem, então, não podemos pregar? Quem excluiremos?

· Os pobres? Não! Eles têm o direito peculiar de ter o evangelho pregado até eles.

· O iletrado? Não! Deus tem revelado essas coisas até iletrados e ignorantes, desde o princípio.

· O jovem? Por nenhuma razão! “Que esses padeçam”, de modo algum, “para virem até Cristo, e não proibi-los”.

· Os pecadores? Menos que todos! “Cristo não veio chamar os íntegros, mas aos pecadores para o arrependimento”.

Porquê, então, se nenhum, excluirmos o rico, o instruído, o honrado, homens de bem. E, isso é verdade, eles também se excluem muito freqüentemente de ouvir; ainda assim, temos que falar as palavras de nosso Senhor. Porque, desse modo, o teor de nossa incumbência escapa, “Vá e pregue o evangelho a toda criatura”. “Se qualquer homem arranca isso, ou qualquer parte disso, para sua destruição, ele terá que suportar o próprio fardo”. Mas, ainda, “como o Senhor viveu, o que quer que o Senhor tenha nos dito, disto falaremos”.
8. Neste momento, mais especialmente, falamos que, “pela graça estamos salvos, através da fé”: porque, nunca foi a manutenção dessa doutrina, mais oportuna do que tem sido até esse dia. Nada, mas isto pode eficazmente prevenir o aumento da ilusão dos Romish entre nós.

É, sem fim, atacar, um por um, todos os erros daquela Igreja. Mas salvação pela fé fulmina na raiz, e tudo cairá imediatamente, onde isto está estabelecido. Foi essa doutrina, a que nossa Igreja chama justamente de rocha forte e fundação da religião cristã, que primeiro dirigiu Popery fora desses reinos; e só isto pode mantê-la de fora. Nada, mas isso pode ser um obstáculo àquela imoralidade, a qual “tem se espalhado na terra como inundação”. Você pode esvaziar as profundezas, gota a gota? Então, você pode nos reformar pela dissuasão das imoralidades individuais.

Mas deixe a “retidão que é de Deus pela fé, ser trazida para dentro, e, então, seus acenos orgulhosos serão detidos”. Nada, mas isso pode parar as bocas daqueles que “gloriam-se de suas vergonhas, e abertamente, negam o Senhor que os comprou”.

Eles podem falar da lei, de forma elevada, como aquele que a tem escrito por Deus em seu coração. Ouvi-los falar dessa maneira poderia inclinar alguns a pensar que eles não estavam muito longe do reino de Deus: mas, retirá-los da lei de dentro do evangelho; começando com a retidão pela fé; com Cristo “o fim da lei a todo aquele que acredita”, e aqueles que agora mostraram-se quase, se, não completamente, cristãos, mantiveram confessos os filhos da perdição; tão longe da vida e salvação (Deus seja misericordioso para com eles!) das profundezas do inferno até a altura dos céus.

9. Por essa razão, o adversário, então, vocifera, não importa quando “salvação pela fé” é declarada ao mundo: assim, ele incitou terra e inferno a destruir aqueles que primeiro pregaram isso. E pela mesma razão, sabendo que a fé sozinha poderia arruinar as fundações de seu reino, ele fez acontecer todas as suas forças, e empregou todas as suas artes de mentiras e calúnias, para amedrontar Martim Lutero de restaurar isso.

Nem podemos desejar saber, ao mesmo tempo: pois que, como aquele homem de Deus observa, “como isso poderia enfurecer um orgulhoso e forte homem armado, ser impedido e desprezado por uma pequena criança, vindo contra ele, com uma flecha em sua mão!”, especialmente, quando ele soube que aquela pequena criança seguramente o derrotaria, e o poria debaixo de seus pés. Mesmo assim, Senhor Jesus! Assim, tens tu força, sendo sempre “feito perfeito na fraqueza!” Vá em frente, então, tu, pequena criança que acreditas nele, e sua “mão direita poderia ensinar-te coisas espantosas”; Embora sejas impotente e fraco como uma criança de dias, um homem forte não poderá ser capaz de se levantar diante de ti. Tu prevalecerás sobre ele, o subjugarás, o derrotarás e o colocarás debaixo de teus pés. Tu marcharás, sob o grande Capitão da tua salvação, “conquistando e a conquistar”, até que teus inimigos sejam destruídos, e “a morte seja tragada na vitória”.
Agora, graças seja a Deus, que nos deu a vitória, através de nosso Senhor Jesus Cristo; para quem, com o Pai e o Espírito Santo, ser benção, glória, sabedoria, gratidão e bravura, para sempre e sempre. Amém.