A tristeza que precede o avivamento
por Juan de PaulaÊxodo 33:1-11
Sermão ministrado na Igreja Batista Central em Japuíba, Angra dos Reis-RJ
Domingo 22 de fevereiro de 2009. Carnaval.
Introdução:
* Todo período que antecede o avivamento
é marcado por afastamento de Deus, intensidade da idolatria,
religiosidade nominal e angustia espiritual.
* Na história de Israel não foi diferente, em Êxodo 14, Deus abre o mar vermelho mostrando a sua soberania, majestade e graciosidade em libertar o povo contemplado por Ele com um pacto, uma aliança (tema central do livro do Êxodo) e mesmo assim o povo comete idolatria.
* No capítulo 32 o povo vendo que Moisés demorava a voltar do monte
incentiva a adoração a um bezerro de ouro violando a aliança com Deus.
Esta atitude tem conseqüências severas no relacionamento do povo do
deserto com o Deus da aliança.* Na história de Israel não foi diferente, em Êxodo 14, Deus abre o mar vermelho mostrando a sua soberania, majestade e graciosidade em libertar o povo contemplado por Ele com um pacto, uma aliança (tema central do livro do Êxodo) e mesmo assim o povo comete idolatria.
Doutrina: O avivamento é precedido por um período de sequidão espiritual no meio do povo de Deus, o povo da aliança. Nós podemos aprender duas lições deste período de seca espiritual.
1 – A tristeza que precede o avivamento é marcada pela violação do pacto e da aliança que Deus fez com seu povo (1-6):
O tema central do livro do Êxodo é que
Deus pactuou com um povo escolhido soberanamente (Reino) e graciosamente
fazendo uma aliança com este povo, lhe enviando um mediador, a saber,
Moisés.
A Confissão de Fé Batista de 1689 disserta no capítulo 7 parágrafo 1 o pacto de Deus:
“1. A distância entre Deus e a
criatura é tão grande que, embora as criaturas racionais lhe devam
obediência, por ser Ele o criador, elas jamais poderiam alcançar o Dom
da vida, senão por alguma condescendência voluntária da parte de Deus.1 E
isto Ele se agradou em expressar por meio de um pacto com o homem.”
1. – A violação do pacto tem conseqüências no relacionamento do povo com Deus ( vs 1-3):
Por causa da imputação do pecado de Adão
a toda humanidade, pois Adão era o representante e o cabeça legal da
humanidade no Éden, a humanidade se encontra separada de Deus (Rm 3:23).
A aliança ou pacto é a demostração do amor de Deus para escolher um
povo para adora-Lo e glorifica-Lo e este povo recebe uma ordem da parte
Dele.
No verso 1 , Deus lembra a promessa
(aliança) feita com Abraão, Isaque e Jacó. Esta aliança vem desde Noé,
renovada com Davi e tem seu cumprimento em plenitude na pessoa e na obra
de Jesus Cristo. A promessa é confirmada no verso 2 com a destruição
dos inimigos de Israel.
No verso 3 vemos uma conseqüência do
pecado, que é a obstinação, a temosia, o ser “cabeça dura” com as coisas
de Deus que é uma tendência, uma inclinação inerente a nossa natureza
pecaminosa. Deus se revela irado com esta atitude do povo. A obstinação
foi a causa da violação do pacto.
2. – A violação do pacto faz com que Deus discipline Seu povo (vs 4-6):
A disciplina de Deus trás lamentação e tristeza ao povo (vs 4).
Deus disciplina quem ama. (Pv 3:11-12 e
Hb 12:5-6). Deus revela a sua misericória (não dar aquilo que o povo
merece, termo intercambiável com graça ; que significa favor imerecido,
dar aquilo que o povo não merece) em não destruir aquele povo porém o
disciplina (5-6).
Aplicação:
1 – Em Jesus Cristo, mediador da nova
aliança nós caminhamos rumo à terra prometida – a nova criação de Deus –
a restauração da criação, o descer dos novos céus e nova terra quando o
Senhor Jesus voltar em glória e majestade.
2. – Enquanto não chegamos, continuamos a
lidar com nossa natureza adâmica e pecaminosa sendo obstinados,
teimosos e desagradamos a Deus com os nossos ídolos tanto como vidas
individuais quanto igreja e comunidade do Senhor Jesus. “O coração
humano é uma fabrica de ídolos” João Calvino.
3. – Devemos nos submeter a disciplina de Deus com alegria, porque é
sinal de que Ele nos ama e por isso nós não somos consumidos (Lm
3:22-23).4. – O nosso pecado como indivíduos e igreja coletiva deve causar quebrantamento, lamentação e tristeza em nós. Não devemos deixar que o pecado seja cauterizado em nós entristecendo a pessoa do Espírito Santo (Ef 4:30). A consequência do pecado está no próximo ponto:
2 – A tristeza que precede o avivamento é marcada por um afastamento da parte de Deus para com o Seu povo (7-11):
Por isso a tenda do encontro (7), “fora do acampamento” quer dizer que Deus não era com eles.
2.1 – Mesmo Deus entristecido com o
povo, ainda sim na sua misericórdia e graça se revelava a Moisés, o
mediador da aliança (Vs 8-9):
Deus usou meios extraordinários para falar com seu servo e com seu povo para revelar a sua vontade.
2.2 – Mesmo em tempo de seca espiritual da parte do povo, Moisés mantinha a sua intimidade com Deus (10-11):
Deus lhe falava como um amigo, “face-a-face” Deus sendo invisível tomou forma (antropomorfia) para se revelar ao seu servo.
Interessante a atitude do povo de reverenciar e adorar de pé enquanto Moisés estava na tenda.
Aplicação:
1 – Há períodos em que Deus retira a sua boa mão de uma igreja ou de um povo tendo em vista a quantidade de pecado e idolatria.
2 – Creio que Deus ainda use meios
extraordinários para falar ao seu povo, mas esses meios são e devem ser
confirmados pela revelação bíblica. A profecia no AT era infalível pois
Deus se revelava de forma direta ao mediador. Na era neo-testamentária
por causa da progressão da revelação escrita, os dons extraordinários
são falíveis. Devem ser confirmados pela Bíblia, regulados pela Bíblia.
Devemos ter cuidado com “profetadas” e extremo exagero no uso dos dons
extraordinários no evangelicalismo brasileiro. Eu acredito que eles
existem biblicamente. Mas há muitos exageros.
O puritano Benjamim Keach, mentor da
Confissão Batista de 1689, estava no leito doente junto à um amigo
Hanserd Knollys. Knollys virou para Keach dizendo que morreria e Keach
viveria mais 15 anos. E de fato a história registra que isso aconteceu.
Knollys morreu ali mesmo e Keach morreu 15 anos depois.
3 – Independente dos meios que Deus usa
conosco devemos buscar intimidade com Ele e ouvir a sua voz. Oração e
uso da Palavra de Deus são os meios usados pelo Senhor e pela pessoa do
Espírito Santo para nos conduzir a um crescimento espiritual em nossa
união com Cristo.
Todos são sacerdotes hoje e Cristo é o
mediador e cabeça da igreja. Porém o NT regula a igreja na questão dos
oficiais, dos presbíteros, dos pastores. Orem para que Deus encha o
pastor desta igreja da Sua unção para proclamar a Palavra e para
continuar a desenvolver com intensidade a comunhão com Deus em oração e a
intercessão por vocês povo de Deus reunidos aqui e por toda igreja
espalhada pela face da terra.
4 – Todo servo de Deus mentoreia alguém.
Moisés treinou Josué filho de Num para a continuidade desta obra. Nós
batistas temos resgatado o modelo de presbitério, colegiado e divisão de
tarefas conforme revelado na Palavra refletindo de melhor forma a
glória de Deus (Cf. Refletindo a glória de Deus, Mark Dever, Editora Fiel).
Conclusão:
Aprendemos que um sentimento de tristeza
coletivo por causa do pecado e da idolatria toma conta do povo antes da
visitação do Senhor no meio do seu povo. Foi e está sendo assim no
desenrolar da história da salvação (história de Israel, Igreja primitiva
e na história da igreja).
Orem por avivamento! Clamem por
avivamento! Intercedam por avivamento! Peçam pela presença de Deus, pela
visitação Dele neste lugar. Deus visita o seu Povo! Veremos isso no
sermão de terça-feira no retiro na continuidade deste texto quando
Moisés roga a presença de Deus se depara com a glória Dele. A Deus seja
toda a Glória. Deus vos abençoe.
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