domingo, 26 de setembro de 2010



Covil de Ladroes
Põe-te à porta da casa do SENHOR, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do SENHOR, todos de Judá, os que entrais por estas portas, para adorardes ao SENHOR.Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar. Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este... Porventura furtareis, e matareis, e adulterareis, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes,E então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Fomos libertados para fazermos todas estas abominações?É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, um covil de ladroes aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o SENHOR.Mas ide agora ao meu lugar, que estava em Siló, onde, ao princípio, fiz habitar o meu nome, e vede o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo Israel. (Jeremias 7vv)
Uma preocupação bastante normal para os pastores é sobre o que o povo faz "das portas do templo pra fora". Ao final culto, alguns pastores ficam à porta, cumprimentando e abençoando os fiéis na saída. Talvez até se perguntando sobre o que farão após saírem.
O capítulo sete do livro de Jeremias fala de uma ordem de Deus para o profeta se colocar às portas do templo de Jerusalém. Mas, definitivamente, não era para "saudar" ninguém. A preocupação de Deus, ao contrário dos pastores, não era com o que o povo faria "da porta pra fora" e sim o que vinha fazendo "da porta pra dentro". O templo de Jerusalém fora estabelecido como centro de adoração de Israel. Não obstante, o próprio Deus se refere a esse local com o epíteto "covil de ladrões". Naquele momento, aquele lugar sagrado não passava de um esconderijo de marginais. Ora, essa afirmação divina nos faz refletir sobre quão corrompido estava aquele povo, uma vez que, pela lógica, ladrões procuram abrigo o mais distante da polícia, o mais distante da Justiça, pois ladrões sabem-se foras-da-lei e, logo, da Lei fogem.
Mas, o povo de Deus, pecava e, com a maior cara-de-pau abrigava-se tranquilamente nos pátios do Templo do Deus o qual eles haviam acabado de desonrar. E o pior: tal comportamento não se devia a uma busca de perdão. Era apenas uma visita rotineira. Ali, eles cantavam, adoravam, faziam suas oblações e rituais; depositavam suas ofertas e ouviam uma mensagem reconfortante de seus líderes religiosos.
Como podiam sentir-se tão confortáveis?! Como era possível que não houvesse nenhuma consternação, nenhum mal estar com aquela situação? O texto nos dá uma pista: Diz o profeta que a mensagem que o povo ouvia ali era "Este é o templo do Senhor! Este é o Templo do Senhor". Isso pode ser entendido da seguinte forma: "Enquanto você estiver aqui, nenhum mal vai te acontecer".
A confiança em Deus é transferida para os "símbolos" que levam o nome de Deus, sejam templos, sejam ritos, sejam objetos. O que as pessoas esquecem é que os símbolos são de Deus tanto quanto as pessoas que os carregam: Se as pessoas que frequentam o Templo deixam de ser de Deus, o templo TAMBÉM DEIXA DE SER. Tanto é assim que Deus chama a atenção do povo para o que acontecera a Betel, um lugar outrora sagrado, mas também corrompido em seu propósito original. Deus não teve misericórdia de Betel e permitiu sua destruição.
O mesmo aconteceria com o templo. Pois Deus não é Deus de coisas é Deus de gente. Por isso o profeta Jeremias é convocado por Deus para ficar na porta do templo, esperando o povo chegar para o culto, para dar-lhes o recado: "Cuidado com o que vocês vão fazer aí dentro". Deus se incomoda com nosso pecado e se entristece, mas ao nos &39;flagrar&39; Ele não clama a si mesmo dizendo: "Ó meu Eu do Céu! Olha só o que meu filho está fazendo". Nosso pecado não &39;asssuta&39; a Deus, em compensação nossa falta de arrependimento o deixa furioso. Deus manda Jeremias proclamar a mensagem "do lado de fora" do templo (2) porque, dentro do templo, a mensagem que era pregada era falsa (8).
"A verdade está lá fora", tema do famoso seriado "Arquivo X", é bem aplicável aqui! Note-se ainda que o Senhor não barganha a obediência á sua Palavra. A promessa de Deus ao obediente é: "vos farei habitar neste lugar". Não era uma promessa de habitação nova, nem uma ampliação de possessões, era a "manutenção" da conquista. Deus não diz: "obedeça para ganhar mais", Ele diz: "obedeça para não perder o que já conquistou". Um profeta pregando do lado de fora, nos faz entender que o arrependimento á algo que tem que se dar "às portas".
Entrar na casa de Deus, entrar em sua presença em conivência com o pecado nos torna cada vez mais insensíveis e vis. Como ladrões, buscamos na religiosidade uma fuga, um covil. Terrível é quando o construímos bem na casa do Juiz.

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