quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010


Tentando fugir da onipresença das notícias sobre o carnaval, acabei me deparando com uma notícia interessante na Folha de São Paulo, com a seguinte chamada: “Grupo de católicos faz vigília para Arruda na porta da PF” disponível neste link. Minha primeira reação foi: Aleluia! Talvez haja esperança mesmo entre os romanistas! Que belo trabalho estão fazendo, tentando evangelizar a quem tanto precisa da Palavra de Deus!


Lamentavelmente, minha empolgação durou pouco. Ao continuar lendo a matéria, descobri que havia me enganado. Não estavam ali para evangelizar nem exortar ninguém. Estavam munidos de um megafone, gritando palavras de ordem a favor do governo Arruda.


Era uma multidão de cinco católicos, cantando e “rezando” o pai nosso em favor do governador das mãos leves. Sua vigília durou espantosos sessenta minutos.


O líder do grupo tão temente a Deus e tão empenhado em suas “rezas” era um funcionário público comissionado (daqueles que exercem cargos de “confiança” e são nomeados sem necessidade de concurso).


Esta última informação foi bastante reveladora a respeito da natureza de tal “vigília”. Aquele homem precisava desesperadamente gritar suas palavras de apoio ao governador.


Seu emprego (com altos ganhos e sem necessidade de concurso, conquistado na camaradagem), corre sério risco de mudar de mãos com a queda do governador. É sabido que uma das primeiras providências de um governador recém eleito é justamente a de substituir todo o pessoal comissionado pelos seus amigos, companheiros e colaboradores de “confiança”.


Naquele momento, minha alegria se mostrou vã. O político continuaria o mesmo. Os católicos continuariam os mesmos. Os colaboradores de confiança também.


Resta apenas a esperança de que chegue o dia em que cada encarcerado, político ou não, corrupto ou não, possa ser exortado, possa ouvir o Evangelho lhe ser pregado. Quem precisa mais de Evangelho que aqueles que estão com suas vidas em tamanha desordem?


Perdemos uma oportunidade gloriosa para levar o Evangelho a quem mais precisa dele quando nos esquecemos de pregar àqueles que estão vivendo em erro. Aos que estão levando uma vida de crimes ou aos que estão encarcerados pagando por algum erro passado. Todo apologista é sempre muito rápido e incisivo ao condenar o que erra. E na grande maioria das vezes estão certos. Mas falta a estes apologistas (todos nós) vontade e a coragem de pregar o Evangelho a quem precisa.

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