sábado, 2 de maio de 2009




Estarei postando sobre ESCATOLOGIA numa série de estudos, não estou aqui para falar de uma verdade absoluta, mas para ajudar os irmãos a terem uma ajuda maior sobre o Mi-lênio, o Arrebatamento, a Tribula-ção, a Segunda Vinda de Jesus, as Duas Ressurreições, e sobre as Setenta Semanas de Daniel,.


Autor: LUIZ ANTONIO FERRAZ
Instituto Bíblico da 1ª Igreja Batista do Jardim Primavera.
Imagem retirada do site http://www.jesusvoltara.com.br/volta1.htm


INTRODUÇÃO

A palavra escatologia é formada de duas palavras gregas:(eschatos = último, fim) e lógos = palavra, discussão, instrução, ensino, assunto, tema). Portanto escatologia é o estudo do fim ou o estudo das últimas coisas, ou ainda o estudo dos últimos dias.
Várias passagens das Escrituras empregam a palavra eschatos juntamente com (heméra = dia). Assim temos eschatê heméra = último dia), usado em Jo.6:39 e 7:37. A primeira ocorrência se refere ao último dia da ressurreição, um dia escatológico, enquanto que a segunda apenas faz alusão ao último dia da festa de casamento. Temos eschatais hemerais = últimos dias) em At.2:17; II Tm.3:1; Tg.5:3; e eschatou tôn hemerôn = últimos dias) em Hb.1:2.

Todas estas passagens aludem ao período de tempo entre a 1ª e a 2ª vindas de Jesus. Os últimos dias iniciaram-se com a 1ª vinda de Jesus que veio na "plenitude do tempo"(Gl.4:4), pois o tempo anterior da dispensação da lei já estava cumprido (Mc.1:15; Lc.16:16). Estamos vivendo os últimos dias. Esse período de tempo que a Bíblia chama de últimos dias, recebe ainda outras designações, tais como: "tempo aceitável... dia da salvação"(Is.49:8) ou "ano aceitável do Senhor"(Is.61:2a); "dispensação da plenitude dos tempos"(Ef.1:10) ou "dispensação da graça"(Ef.3:2)1 ou "dispensação do mistério"(Ef.3:9); "tempo da oportunidade", "tempo sobremodo oportuno", "dia da salvação"(IICo.6:2), "tempos oportunos" (IITm.2:6), "tempos devidos" (Tt.1:3); "hoje" (Hb.3:7,15;4:7,8); "fins dos séculos" (ICo.10:11); "última hora"(IJo.2:18).
Durante este período a Igreja tem a incumbência de proclamar o evangelho antes que venha o "grande e terrível dia do Senhor"(Ml.4:5), que porá fim aos últimos dias, para inaugurar o "dia da vingança do nosso Deus"(Is.61:2b).
A Bíblia é categórica em afirmar a existência de três dias (considerados como períodos) nos quais se deve fazer distinção quanto ao programa de Deus para cada um deles. O dia do homem é o dia da salvação, dia de oportunidade. O dia do Senhor e o dia de Cristo2 é dia do arrebatamento da Igreja e de tribulação para Israel, e de castigo para os gentios (conforme o pré-milenismo). O dia de Deus é o dia quando "os céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se derreterão"(IIPe.3:12). Inicia-se no dia do juízo final, e talvez (conforme o amilenismo ou pós-milenismo), o dia do fim (ICo.15:24), quando "Deus será tudo em todos"(ICo.15:28).
O estudo da escatologia deve levar o crente a proclamar o dia do homem(a salvação), o dia do Senhor (a volta de Cristo)e o dia de Deus(após o juízo).Veja Jo.16:8; Hb.6:2. Se queremos conhecer as profeciais apenas para satisfazer nossa curiosidade, então estaremos nos aplicando aos estudo das Escrituras de uma forma que não agrada a Deus. Deve ser nosso objetivo discernir os tempos para que nossos espíritos se entreguem à mais nobre tarefa da qual fomos incumbidos: o anúncio da morte do Senhor, sua ressurreição e seu retorno à esta terra: "anunciais a morte do Senhor até que Ele venha"(ICo.11;26).
Estudando escatologia, veremos que muitas profecias se cumpriram, demonstração clara e evidente de que as demais profeciais hão de se cumprir, e portanto devemos proclamá-las com ardente fervor. Ouçamos, pois, a advertência do apóstolo: "E digo isto a vós outros que conheceis o tempo, que já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta a noite e vem chegando o dia..."(Rm.13:11,12).
1 Dispensação da graça: alguns dispensacionalistas preferem usar o termo "dispensação da igreja", para evitar a errada compreensão de que no período da lei a salvação não era obtida pela graça, através da fé na pregação do evangelho, conforme o claro ensino das Escrituras (At.13:32; Rm.1:1,2; Hb.4:2).
2 Identificamos o dia do Senhor com o dia de Cristo em seu aspecto cronológico, pois os dois iniciam-se no mesmo instante. O Dr. Ironside explica que o dia de Cristo se refere ao tempo quando os crentes se apresentarão perante o tribunal de Cristo, em seus corpos glorificados; o dia do Senhor se refere ao tempo em que Ele estiver derramando seus juízos sobre a terra e descer para tomar a direção do seu reino (H. A. Ironside. Ira não... arrebatamento!. p.28).
Anunciemos o evangelho enquanto é dia (Jo.9:4), antes que venha o "dia de escuridade e densas trevas"(Jl.2:2).
Além deste, podemos citar vários outros motivos porque devemos estudar profecias:
1) Sua importância nas Escrituras é estabelecida pelo fato de que 25% da Bíblia é composta de profecias. Convém mencionar que todas elas, com uma única excessão, são literais.
2) Há a promessa da iluminação do Espírito Santo no estudo das profecias (Jo.16:13).
3) A profecia serve de consolo para os crentes (IITs.1:4-10; Hb.10:32-39).
4) As profecias causam influência nos descrentes (Is.44:28; IICr.36:22,23; Ed.1:1,2).
5) Devemos estudar as profecias para combater as falsas interpretações dada pelas seitas.
6) As profecias nos dão claras orientações para os últimos dias.
7) As profecias nos incitam à uma vida de pureza (I Jo.3:1-3).
8) Oferece equilíbrio doutrinário na vida do estudante de profecias.
É mister lembrar que o estudo da escatologia não nos levará a desvendar todos os mistérios, épocas e tempos estabelecidos por Deus. Deus nos dará compreensão apenas às coisas que nos foram reveladas (Dt.29:29), mas as coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, e não nos "compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva
autoridade"(At.1:7).

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1º Estudo


ESCATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS


A doutrina ortodoxa da Igreja, embora com nuances de variações, sempre dominou sobre as demais tendências teológicas. Em todos os séculos sempre houveram segmentos religiosos inclinados a uma corrente mais liberal. Mas sempre a ortodoxia dominou sobre esses movimentos que geralmente eram mais externos do que internos.
No século XIX, entretanto, o liberalismo teológico invadiu o interior da Igreja, ressurgindo com uma força mais expressiva, atingindo as bases, fazendo com que surgissem novas abordagens teológicas. A ortodoxia sofreu todo tipo de ataques, vindo de todas as partes, da ciência natural às ciências humanas. No campo da filosofia, por exemplo, podemos mencionar Schleiermacher que "propôs um cristianismo como sendo meramente uma questão de sentimentos,"1 negando a questão ética.
Foi nesse tempo de distúrbios teológicos, somado às novidades na área científica, como a teoria das espécies de Darwin, que fez com que a Igreja adotasse novos rumos, a fim de responder aos desafios da época. Foi nesse período que surgiram a Escatologia Consistente de Schweitzer e a Escatologia Realizada de Dodd.

1. ESCATOLOGIA CONSISTENTE:

Alguns defendiam que a essência do cristianismo era de caráter ético. O estabelecimento do reino de Deus não se daria de forma cataclística (como a 2ª vinda de Cristo), mas seria introduzido progressivamente através dos esfôrços dos cristãos. Entre os defensores dessa corrente encontramos Albercht Ritschl.2
Johannes Weiss propôs um meio termo "juntando um conceito verdadeiramente escatológico ou futurista com a idéia do reino como uma realidade ética presente".3
Weiss defendia que Jesus era totalmente escatológico, apocalíptico e futurista.
Mas o pensador de maior expressão dessa tendência teológica foi Albert Schweitzer (1875-1965), porque Schweitzer ampliou a proposta de Weiss, aplicando a sua teologia consistente à todo o Novo Testamento, e não somente aos ensinos de Jesus.
"Segundo a Escatologia Consistente de Scheweitzer, Jesus, crendo ser o Messias de Israel, descobriu que a consumação não chegou quando Ele a esperava (cf. Mt.10:23) e aceitou de bom grado a morte, a fim de que a sua parusia4 com o Filho do Homem pudesse ser forçosamente realizada. Visto que a roda da história não atenderia ao toque de sua mão, girando para completar sua última volta, Ele se lançou sobre ela e foi quebrado por ela, apenas para dominar a história decisivamente por meio do seu fracasso, mais do que poderia ter feito se tivesse realizado sua ambição mal interpretada. A mensagem dele, conforme sustentava Schweitzer, era totalmente escatológica no sentido exemplificado pelo apocalipcismo contemporâneo mais grosseiro. Seus ensinos éticos eram planejados para o período entre o início do seu ministério e a sua manifestação em glória. Mais tarde, quando se percebeu que a morte dele destruíra as condições escatológicas, ao invés de introduzí-las, a proclamação do reino foi substituída pelo ensino da igreja".5
Podemos concluir, por outras palavras, que a Escatologia Consistente defende a idéia de que Jesus não consumou suas predições escatológicas. Nenhum dos fatos "previstos" por Jesus se cumpriram, mas os fatos foram forjados e adaptados às circunstâncias históricas. Jesus previa o óbvio, planejando sistematicamente suas ações, mas nem sempre o óbvio acontecia, portanto Jesus teve que adaptar suas previsões escatológicas. Por isso essa escatologia recebeu o nome de consistente, porque devia ser consistente (de acordo) com os fatos.

2. ESCATOLOGIA REALIZADA:

Enquanto a Escatologia Consistente considerava que os eventos antecipados por Jesus nunca ocorreram, a Escatologia Realizada, ao contrário, afirmava que os eventos já haviam ocorrido, já tinham sido realizados.
O defensor dessa tendência foi Charles H. Dodd (1884-1973). Para Dodd "a nova era já está aqui; Deus estabeleceu o reino. O conceito mitológico do dia do Senhor foi transferido a um evento histórico específico que já ocorreu, ou, na realidade, a uma série de tais eventos - o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. A escatologia foi cumprida ou 'realizada'. Aquilo que era futuro nos tempos das profecias do Antigo Testamento tornou-se presente. Ao invés de procurar duas vindas de Cristo, devemos entender que há apenas uma; devemos interpretar estas 'predições' à luz das suas declarações de que o Reino de Deus está aqui - está próximo. Jesus não estava falando de como seria, mas de como era".6
Há quatro maneiras de interpretar a escatologia bíblica: "A interpretação idealista (ou simbólica) tira o elemento temporal da apocalíptica. Os símbolos ou eventos que descreve não ocorrerão em qualquer ponto específico na história, mas, sim, representam e apresentam 'verdades eternas', verdades acerca da natureza da realidade ou da existência humana que ou estão continuamente presentes ou recorrem continuamente. Não perguntamos delas: 'Quando?' mas, sim, 'O quê?' O futurista faz os elementos proféticos e apocalípticos nas Escrituras referirem-se primeiramente a um 'tempo do fim' quando todos os eventos virão a acontecer. A maior parte dele ainda é futuro para nós, como era para aqueles que viviam nos tempos bíblicos. O historicista considera que a apocalíptica pertence a eventos que ainda eram futuros na ocasião em que foram descritos (o período bíblico), mas que já ocorreram e continuam a ocorrer dentro da vida histórica da igreja. A abordagem preterista considera que o cumprimento da apocalíptica ocorreu mais ou menos contemporaneamente com o registro bíblico dela. Destarte, os 'últimos tempos' já teriam acontecido quando o escritor bíblico os descreveu".7
Com esses conceitos, agora podemos melhor definir a Escatologia Realizada. Fica claro perceber que a Escatologia Realizada adota uma abordagem preterista na sua interpretação.
J. A. T. Robinson, que foi aluno de Dodd, "interpreta a 'parusia' de Cristo não como um evento literal do futuro, mas como uma apresentação simbólica ou mitológica daquilo que acontece sempre que Cristo vem com amor e poder, demonstrando os sinais da sua presença e as marcas da sua cruz. (...) Robinson nega que Jesus usasse linguagem que subentendesse a sua volta do céu para a terra. As expressões dele que assim foram entendidas apontam para os temas paralelos da vindicação e da visitação - notavelmente sua resposta à pergunta do sumo sacerdote no seu julgamento (Mc.14:62), onde a frase adicional 'desde agora' (Lc.22:69; Mt.26:64) é entendida como parte autêntica da resposta. O Filho do Homem, condenado pelos juízes humanos, será vindicado no tribunal da justiça divina; sua visitação consequente ao seu povo em julgamento e redenção acontecerá 'desde agora' tão seguramente como a sua vindicação.
Ao invés de falar na Escatologia Realizada, Robinson (seguindo Georges Florovski) fala de uma 'Escatologia Inaugurada' - uma escatologia inaugurada pela morte e ressurreição de Jesus, que lançaram e iniciaram uma nova fase do reino em que 'desde agora' o plano divino de redenção atingiria o seu cumprimento. Ao ministério de Jesus antes de sua paixão, Robinson aplica o termo 'Escatologia Proléptica', porque naquele ministério os sinais da era do porvir tornaram-se previamente visíveis".8
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1 Millard J. ERICKSON, Opções Contemporâneas na Escatologia, p.15.
2 Ibid, p.17.
3 Ibid, p.19.
4 Parusia: Palavra grega usada no N.T. que significa vinda (Mt.24:3,27,37,39; ITs.2:19;3:13;4:15;5:23; IITs.2:1,8; Tg.5:7; IIPe.1:16;3:4,12; IJo.2:28), aparecimento (IITs.2:9).
5 Enciclopédia Histórico Teológica da Igreja Cristã, v. II, p.37.
6 Millard J. ERICKSON, op. cit., p.27.
7 Ibid, p.26.
8 Enciclopédia Histórico Teológica da Igreja Cristã, v.II, p.38
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2º Estudo

AMILENISMO AGOSTINIANO

Há dois tipos de amilenismo: (1) O Amilenismo Clássico que considera o Reino de Deus como sendo o domínio de Deus sobre os santos que estão nos céus, fazendo do Reino de Deus um reino celestial - o Reino dos Céus. (2) O Amilenismo Agostiniano, que também é o ponto de vista defendido pela Igreja Católica Romana, considera o cumprimento de todas as promessas do Antigo Testamento com respeito ao Reino, como sendo o reinado de Cristo do trono do Pai sobre a Igreja, que está na terra. Esses dois pontos de vista são considerados ortodoxos, pois ainda defendem uma interpretação literal das doutrinas da ressurreição, do juízo, do castigo eterno, e outros temas relativos. O Amilenismo Modernista, no entanto, nega as doutrinas da ressurreição, do juízo, da segunda vinda, do castigo eterno, e outros assuntos relativos. O amilenismo romano produziu o sistema de purgatório, o limbo, e outras doutrinas não bíblicas. Estudaremos apenas o amilenismo ortodoxo.

1. DESCRIÇÃO E ORIGEM:

O Amilenismo Agostiniano ensina que não haverá um milênio de paz e justiça na terra antes do fim do mundo. Os amilenistas crêem que haverá um crescimento contínuo de bem e mal1 no mundo que culminará na Segunda Vinda de Cristo quando os mortos serão ressuscitados e se processará o último julgamento. Os amilenistas crêem que o Reino de Deus está presente agora no mundo, enquanto o Cristo vitorioso governa seu povo através de sua Palavra e Espírito. Este conceito de amilenismo recebe o nome agostiniano porque foi defendido por Agostinho de Hipona (354-430 d.C.). Inicialmente Agostinho era pré-milenista, mas abandonou esta posição "em vista do extremismo e carnalidade imoderada daqueles que sustentaram o pré-milenismo em sua época."2 Agostinho foi também influenciado por Ticônio e pelo método de interpretação alegórica de Orígenes.
Durante os primeiros três séculos a interpretação pré-milenista dominou sobre a Igreja Primitiva, mas a partir do século IV o amilenismo ganhou força, principalmente porque a Igreja Cristã recebeu uma posição favorável do Imperador Constantino, que deu fim a perseguição da Igreja. A "conversão" de Constantino e o reconhecimento político do cristianismo, foi interpretado como o princípio do reino milenial sobre a terra. No Concílio de Éfeso, em 431, o pré-milenismo foi condenado como superstição. Embora o amilenismo tenha dominado na história da Igreja por treze séculos (do século IV a XVII), especialmente porque tinha o respaldo dos Reformadores, o pré-milenismo continuou a existir e a ser defendido por certos grupos de crentes. Durante o século XIX o pré-milenismo atraiu novamente a atenção. Este interesse foi nutrido pelo violento transtorno das instituições políticas e sociais européias na época da Revolução Francesa.
O Amilenismo Agostiniano angariou expressão no seio da Igreja, dominando por treze séculos. Ainda hoje o Amilenismo Agostiniano encontra adéptos em todas as denominações religiosas. O Dr. Pentecost alista sete razões porque o Amilenismo Agostiniano é tão popularmente aceito: "(1) Es un sistema inclusivo, que puede abarcar todos los estratos del pensamiento teológico: protestante modernista, protetante ortodoxo y católico romano... (2) Con excepción del premilenarismo, es la teoría relativa al milenio más antigua; y por lo tanto, tiene la pátina o el barniz de la antigüedad sobre ella. (3) Tiene el sello de la ortodoxia, por cuanto fue el sistema adoptado por los reformadores y llegó a ser el fundamento de muchas declaraciones de fe. (4) Se conforma con el eclesiasticismo moderno, que hace hincanpié en la iglesia visible que es, para el amilenarismo, el centro de todo el programa de Dios. (5) Presenta un sencillo sistema escatológico, con una sola resurrección, un juicio, y muy poco programa profético futuro. (6) Se conforma fácilmente con las presuposiciones de la llamada 'teología del pacto'. (7) Atrae a muchos por ser una interpretación 'espiritual' de la Escritura, en vez de ser una interpretación literal, la cual sería un 'concepto carnal' del milenio."3 ((1) É um sistema inclusivo, que pode abraçar todos as esferas de pensamento teológico: protestante modernista, protestante ortodoxo e católico romano... (2) Com excessão do pré-milenismo, é a teoria relativa ao milênio mais antiga; e portanto, tem a proteção ou a cobertura da antiguidade sobre ela. (3) Tem o selo da ortodoxia, porquanto foi o sistema adotado pelos reformadores e chegou a ser o fundamento de muitas declarações de fé. (4) Se conforma com o eclesiasticismo moderno, que tem acampado na igreja visivel que é, para o amilenismo, o centro de todo o programa de Deus. (5) Apresenta um simples sistema escatológico, com uma só ressurreição, um juízo, e muito pouco programa profético futuro. (6) Se conforma facilmente com as presuposições da chamada "teologia do pacto". (7) Atrai a muitos por ser uma interpretação "espiritual" da Escritura, em vez de ser uma interpretação literal, a qual seria um "conceito carnal" do milênio. - tradução do autor).

2. APOIO DO NOVO TESTAMENTO:

Notamos nesta definição que o termo amilenismo é infeliz, pois sugere que os amilenistas não crêem em qualquer tipo de milênio. É verdade que os amilenistas agostinianos rejeitam a idéia de um reino terreno literal de mil anos que se seguirá ao retorno de Cristo, mas também é verdade que eles crêem que o milênio de Apocalipse 20 não é exclusivamente futuro, mas está em processo de realização hoje, não literalmente, mas de forma espiritual. Cristo reina hoje na terra, através da Igreja, pois os amilenistas crêem que o reino de Deus está no seio da Igreja: "...não vem o reino de Deus com visível aparência... porque o reino de Deus está dentro em vós."(Lc.17:20,21). Os amilenistas crêem que os crentes já reinam com Cristo no presente, pois Ele "nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai..."(Ap.1:6). A Igreja de Cristo é "sacerdócio real"(IPe.2:9), e nessa qualidade reina, expandindo o Reino de Deus no mundo, através de proclamação "das virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz." Para os Amilenistas Agostinianos o Reino de Deus prometido ao povo de Israel, foi transferido para a igreja (Mt.42,43), porque Israel rejeitou o seu Messias. Por causa disso a Igreja agora é o novo "Israel de Deus."(Gl.6:16).
Os amilenistas crêem na expansão do evangelho, porque acreditam que Ap.20:3 já se cumpriu. Para eles Satanás está preso agora. Figueredo citando Agostinho diz que "em sua exegese concluiu que Cristo o prendeu na sua 1ª vinda - Ele 'manietou o valente' (Mt.12:26-29) - desfez as obras dele (IJo.3:8), aniquilou-o na cruz (Hb.2:14) e triunfou dele na cruz (Cl.2:15). Expulsou e julgou o príncipe deste mundo (Jo.12:31;16:11). Em Lucas 10:17,18 ele é 'lançado à terra' quando os discípulos pregavam."4
Para explicar a ação de Satanás na presente era, Figueredo explica que a palavra preso usado em Ap.20:3 não significa inativo, mas apenas limitado. "Sua prisão, cremos, é relacionada com o impedimento de sua ação contra a Igreja (Mt.18:16-18); ele não pode impedir o avanço da Igreja e do Evangelho."
Figueredo prossegue dizendo que esta limitação de Satanás terá fim, quando ele for solto novamente, fato que será concomitante com a grande tribulação (Mt.24:29,30) e com a apostasia (IITs.2:8). Depois o Senhor descerá do céu e destruirá o Anticristo. "Então se seguirão o novo céu e a nova terra, onde os salvos reinarão, não apenas por mil anos, mas para sempre."5
O Dr. Russel Shedd informa que Agostinho interpretou a prisão de Satanás à maneira da Escatologia Realizada de Dodd. Shedd diz que "para Agostinho, Marcos 3:27, continha a chave da compreensão certa do milênio... explicou este verso assim: ninguém poderá entrar na casa do poderoso e tomar os seus bens sem primeiramente amarrá-lo. O homem forte era Satanás. Seus bens, são os cristãos (antes da conversão) que estavam sob o seu domínio. Cristo o dominou, amarrando-o e segurando-o durante todo o período entre a primeira e a segunda vinda. No fim desta época Satanás será posto em liberdade para testar a Igreja. Em seguida será absolutamente dominado, iniciando a era eterna."6
O Amilenismo Agostiniano, portanto, prevê o completo domínio do bem sobre o mal, através da pregação do evangelho. A medida que o Reino de Deus está sendo expandido na terra, através da Igreja, a situação do mundo vai melhorando.

3. AS DUAS RESSURREIÇÕES:

A interpretação que se dá as duas ressurreições mencionadas em Apocalipse 20:4-6, direciona para uma das posições escatológicas existentes. Aqueles que interpretam as duas ressurreições como sendo ambas corporais, ocorridas interpoladamente entre um período de mil anos, inclinam-se para o pré-milenismo. Os que defendem ser a primeira ressurreição, uma ressurreição espiritual, e a segunda uma ressurreição corporal, adotam o amilenismo ou o pós-milenismo.
Os amilenistas, tanto quanto os pós-milenistas, alegam que as pessoas mencionadas em Ap.20:4 que "viveram e reinaram com Cristo durante mil anos." passaram por uma ressurreição espiritual, ocorrida no novo nascimento, e agora reinam espiritualmente com Cristo.

Para fundamentar esta interpretação apelam para a exegese do texto. Afirmam que o verbo grego (ezêsan = viveram) aplica-se tanto à uma ressurreição espiritual, da alma, como à uma ressurreição literal, do corpo. Aqui em Apocalipse 20 o "viveram" do versículo 4 faz referência à uma ressurreição espiritual, enquanto que o "viveram" do versículo 5 se refere a uma única ressurreição corporal, tando dos salvos quanto dos perdidos.
Para dar amparo à interpretação espiritual, citam outras passagens do Novo Testamento onde o mesmo verbo grego é utilizado com esse sentido. Em João 5:21 é usado o verbo grego (zôopoiéô = fazer viver, dar vida )7 com sentido espiritual. Este mesmo verbo é usado em ICo.15:22,36, 45; IICo.3:6; IPe.3:18; Rm.4:17. Efésios 2:1-6 também dá apoio a uma ressurreição espiritual. Mas a passagem de maior expressão, mencionada pelos alegoristas, para comprovar a ocorrência de uma ressurreição espiritual e outra física no mesmo contexto, encontra-se em João 5:25-29: "Em verdade, em verdade vos digo, que vem a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que ouvirem viverão (zesousin). (...) Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida: e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo."
O Dr. Ladd diz que "aqui há primeiramente uma ressurreição espiritual, seguida por uma ressurreição física escatológica. Intérpretes amilenistas argumentam que Apocalipse 20 deveria ser interpretado de forma análoga a João 5."8
Para o grupo dos que vivem, a hora já chegou. Isto deixa claro que a referência é aos que estão espiritualmente mortos e entram na vida ouvindo a voz do Filho de Deus. O outro grupo (todos), são os que se acham nos túmulos, são tanto aqueles que estão espiritualmente mortos, como aqueles que vivem e já tiveram parte na primeira ressurreição. Ambos serão trazidos à vida, simultaneamente, uns para a ressurreição da vida e outros para a ressurreição do juízo. "Desse modo fica claro que o texto está falando de dois tipos de 'viver': uma ressurreição espiritual no presente e uma ressurreição física no futuro."9

4. PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO:

Um dos principais argumentos dos amilenistas para a interpretação das profecias do Antigo Testamento acerca dos últimos tempos é que as profecias do Antigo Testamento acerca da primeira vinda de Jesus cumpriram-se espiritualmente.
A hermenêutica adotada pelos amilenistas, para as profecias, é o método alegórico de interpretação. Para os amilenistas o conteúdo histórico da Bíblia deve ser entendido literalmente; o material doutrinário também deve ser interpretado desta maneira; a informação moral e espiritual, do mesmo modo, segue este padrão; entretanto, o material profético deve ser interpretado alegóricamente.
Os defensores do amilenismo argumentam que há diversas profecias, no Antigo Testamento, acerca da primeira vinda de Jesus, que se cumpriram espiritualmente.
Como exemplo podemos citar uma profecia de Oséias onde lemos: "Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho."(Os.11:1). Esta afirmação histórica que Deus chamou Israel do Egito no Êxodo foi aplicada espiritualmente, no Novo Testamento, à Jesus Cristo, em Mateus 2:15.
Outro exemplo citado pelos exegetas amilenistas é a profecia de Isaías 53:5,6. Em seu contexto, no Antigo Testamento, esta passagem não é uma profecia do Messias, mas sim um servo anônimo, pois o servo sofredor nunca é chamado de Messias. Muitas passagens identificam o servo sofredor com o próprio povo de Israel (Is.45:3;49:3,5;52:13). Entretanto os escritores do Novo Testamento aplicaram o texto de Is.53:5,6 à Jesus Cristo (Mt.8:17; At.8:30-35). Portanto à luz do Novo Testamento o servo sofredor é ao mesmo tempo Israel e o seu Messias. Nota-se o princípio da interpretação espiritual aplicável ao texto.
Vemos este mesmo princípio aplicado à Igreja (Os.1:9,10;2:23 em Rm.9:25,26; Jr.31:33,34 em Hb.8:8-12), como também em relação a João Batista (Ml.3:1;4:5 em Mt.11:13,14;17:11,12). Assim, dentro da perspectiva amilenista "o que une o Antigo e o Novo Testamentos é a unidade do pacto da graça.Os amilenistas não crêem que a história deve ser dividida em uma série de dispensações distintas e discrepantes, mas veêm um único pacto da graça que percorre toda a história. Este pacto da graça ainda está em efeito hoje, e culminará na convivência eterna de Deus e seu povo redimido na nova terra".10 O Dr. J. Dwight Pentecost, em sua obra Eventos do Porvir explica as implicações da teologia do pacto: "...se considera todo el programa de Dios como un programa redentor, de manera que todas las edades son variaciones en la revelación progressiva del pacto de la redención. En lo referente a la escatología, considera que todos los santos de todas as edades son miembros de la Iglesia. Esto perde de vista todas las distinciones que hay entre el programa que Dios tiene para Israel y el que tiene para la Iglesia, y requiere la negación de la enseñanza de la Escritura de que la Iglesia es un misterio, no revelado hasta la edade presente".11 (...considera todo o programa de Deus como um programa redentor, de maneira que todas as eras são variações na revelação progressiva do pacto da redenção. No que se refere a escatologia, considera que todos os santos de todas as eras são membros da Igreja. Isto perde de vista todas as distinções que há entre o programa que Deus tem para Israel e que tem para a Igreja, e requer a negação do ensino da Escritura de que a Igreja é um mistério, não revelado até a era presente. - tradução do autor).
Vejamos ainda mais dois exemplos de passagens proféticas do Antigo Testamento, que são interpretadas como sendo a descrição do reino milenial. O amilenista Anthony A. Hoekema dá a sua interpretação.
A primeira está em Isaías 11:6-9, onde lemos que "o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito..." Hoekema argumenta que "no fim dos tempos haverá uma nova terra (veja, por exemplo, Is.65:17;66:22; Ap.21:1). Por que não podemos entender os detalhes que encontramos nestes versos como descrições da vida na nova terra? (...) Por que temos de pensar nestas palavras como se tivessem aplicação apenas a um período de mil anos precedendo a nova terra?"12
A outra passagem que Hoekema faz referência é Isaías 65:17-25. Ele argumenta que "o verso 18 chama o leitor a exultar 'perpetuamente' - não apenas por mil anos - nos novos céus e nova terra que acabaram de ser descritos. Isaías não está falando aqui de uma novidade para durar apenas mil anos, mas uma novidade eterna!"13
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1 O crescimento do bem é devido a propragação do evangelho, enquanto Satanás está preso, mas quando ele for solto novamente o mal dominará, trazendo grande tribulação e juízos divinos sobre a terra.
2 Russell P. SHEDD, A Escatologia do Novo Testamento, p.16.
3 J. Dwight PENTECOST, Eventos del Porvenir, p.295.
4 Cleómines A. de Figueredo. O Milênio. p.135 Ibid, pp.14-5.6 Millard J. ERICKSON, Opções Contemporâneas na Escatologia, apud, Russel P. SHEDD, A Escatologia do Novo Testamento, p.16.
5 Ibid, pp.14-5.
6 Millard J. ERICKSON, Opções Contemporâneas na Escatologia, apud, Russel P. SHEDD, A Escatologia do Novo Testamento, p.16.
7 F. Wilbur GINGRICH et alli, Léxico do Novo Testamento Grego/Português, p.93.
8 George Eldon LADD, apud, Robert G. CLOUSE, O Milênio, p.34.
9 Para o Dr. George Eldon Ladd, um pré-milenista histórico, os que estão nos túmulos são tanto os que vivem, como os espiritualmente mortos. Portanto não estão todos espiritualmente mortos, mas estão todos fisicamente mortos, nos túmulos.
10 Anthony A. HOEKEMA, apud, Robert G. CLOUSE, O Milênio, p.169.
11 J. Dwight PENTECOST, op. cit., p.296.12 Anthony A. HOEKEMA, apud, Robert G. CLOUSE, O Milênio, p.158.13 Ibid., p.159.
12Anthony A. HOEKEMA, apud, Robert G. CLOUSE, O Milênio, p.158.
13Ibid., p.159.

2 comentários:

Unknown disse...

Graça e Paz da parte de Jesus Cristo nosso Senhor.
Meu nome é Ezoan.
E gostaria de saber um pouco sobre o amilenismo modernisra e amilenismo romano. Será que o sr. pode me ajudar com informações do tipo: Quem fundou e quando? em quais pontos da biblia se baseam... por favor, é muito importante essa informação, se puder ajudar ficarei muito grato, se não... agradeceço do mesmo modo.

Ass.: Ezoan Piris

Ulisses de Oliveira disse...

Ezoan,
graça e paz estarei postando este assunto para vc, se o sr. dezejar te mando por e-mail é só me enviar o seu endereço para o meu ulissesdeoliveirapinto@yahoo.com.br.